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Marconi racha a oposição ao admitir hipótese de ser candidato a governador

Sem perspectivas de voltar ao poder desde 2018, quando sofreu seguidos revezes eleitorais, o PSDB não sabe qual rumo tomar em relação às eleições majoritárias de 2022 em Goiás – governador e senador. A maioria dos partidos do espectro oposicionista recusa a proposta de convergir em torno de uma candidatura tucana, no caso, a do ex-governador Marconi Perillo, lançado pela direção estadual à sucessão do governador Ronaldo Caiado (DEM na semana passada.

Marconi sabe que são remotas suas chances de vencer um pleito majoritário, depois do vexame que ele mesmo patrocinou em 2018, quando ficou em 5º lugar para o Senado com duas vagas em disputa. Situação eleitoral que foi agravada, também, naquele ano, com o pífio desempenho eleitoral do então governador José Eliton, que ficou em 3º lugar quando concorreu à reeleição.

A oposição, dividida por várias razões – ambições pessoais, divergências ideológicas e falta de projeto alternativo de governo –, vê aprofundar a crise interna quando começa a discussão de nomes para a sucessão estadual. Além de Marconi, são cogitados o ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot, que trocou o PSDB pelo Patriota; o ex-deputado federal Sandro Mabel (MDB), presidente da Federação das Indústrias de Goiás; o ex-deputado federal Daniel Vilela, presidente estadual do MDB; e o prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha (MDB).

O PSDB não consegue apresentar um discurso político capaz de motivar a sociedade goiana a examinar os seus projetos de gestão, dado o elevado grau de desgastes vividos pelo tucanato goiano depois dos seus 20 anos de poder. Além dos insucessos majoritários ocorridos em 2018, o PSDB continuou acumulando derrotas: de 75 prefeitos, foi reduzido a 20 nas eleições de 2020, com destaque para a votação ridícula de Talles Barreto em Goiânia. Em Aparecida e Anápolis, sequer lançou candidatos a prefeito.

O Patriota, presidido em Goiás pelo publicitário Jorcelino Braga, ex-secretário estadual da Fazenda no governo de Alcides Rodrigues, veta qualquer aliança do partido com o PSDB marconista. Assim, Jânio Darrot se firma como pré-candidato a governador. Se depender do ex-prefeito Iris Rezende e do ex-deputado Daniel Vilela, o MDB não fará aliança com o PSDB marconista, sob a justificativa de que os dois partidos se opõem desde 1998, ou seja, por seis eleições estaduais seguidas.

Marconi tem a rejeição até do desgastado Sandro Mabel, hoje um dos conselheiros políticos do MDB gustavista. Mabel não tolera Perillo desde 2005, quando estourou o escândalo denominado “Mensalão do PT”. Na ocasião, o Governo Lula foi denunciado de distribuir propina a congressistas em troca de votos. Mabel foi acusado por Perillo de tentar aliciar a deputada federal tucana Raquel Teixeira.

Embora discreto, Jânio Darrot também não assimila a candidatura de Marconi, por motivos óbvios: em 2019, ele chegou a pedir afastamento do comando do PSDB de Goiás por não aceitar “canga” do ex-governador. Veio a divergir, de forma mais profunda, em 2021, quando renunciou à presidência e solicitou desfiliação do PSDB marconista.

Fiasco eleitoral não resulta na autocrítica dos derrotados

As derrotas do PSDB e aliados nas eleições de 2018 e 2020 não servem de lição para os caciques políticos, que insistem em não fazer autocrítica, mantendo o discurso da crítica e do ataque aos adversários. Quem acompanha as declarações dos ex-governadores José Eliton e Marconi Perillo, do ex-deputado federal Sandro Mabel, do ex-prefeito Jânio Darrot e do prefeito Gustavo Mendanha percebe que existe em Goiás uma oposição irracional, vazia e que almeja apenas o poder pelo poder.

José Eliton, que teve votação pífia para o governo de Goiás em 2018, nunca fez qualquer mea-culpa dos erros que praticou no exercício do poder por nove meses e, com arrogância, ataca os adversários. Eliton não faz leitura sobre quais motivos o levaram a ter votação baixa na tentativa de reeleição. Marconi Perillo, em momento algum, também refletiu sobre equívocos administrativos e políticos praticados a partir de 2014, quando trocou uma candidatura natural ao Senado – a do então deputado federal Ronaldo Caiado – pela aventura do também deputado federal Vilmar Rocha.

Com seu gesto impensado e sem ouvir as lideranças municipais, Marconi empurrou Caiado para a oposição, que, ao lado de Iris Rezende, impôs uma derrota humilhante ao chamado “Tempo Novo” naquela disputa senatorial. Advertido de que estaria cometendo um erro ao admitir a candidatura de José Eliton ao governo de Goiás, Marconi Perillo insistiu e bancou o nome do então governador, mesmo sabendo que as bases municipais preferiam a candidatura do empresário e ex-prefeito de Goianésia Otávio Lage Filho.

Marconi fez “ouvidos moucos” quando lideranças experientes do PSDB o advertiram para trocar a candidatura ao Senado pela Câmara Federal em 2018. Insistiu e deu no que deu: ficou em 5º lugar numa disputa pelas duas vagas na Câmara Alta. Sandro Mabel é outro político que perdeu o brilho, após encerrar a carreira na vida pública de forma melancólica: denunciado de beneficiar-se em campanhas eleitorais com dinheiro oriundo de caixa 2.

Portanto, Mabel não é “bom conselheiro político” do prefeito Gustavo Mendanha. O próprio MDB vive seu drama: perdeu as eleições para o governo de Goiás com Daniel Vilela em 2018, não lançou candidato ao Senado e sequer conquistou uma cadeira para a Câmara Federal em um universo de 17. Para a Assembleia Legislativa, naquele ano, obteve quatro das 41 vagas, o que é muito pouco para um partido que se apresenta com o histórico do MDB. (H.L.)

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