Média estadual já está acima de 90% e pode caracterizar chegada da 3ª onda
A taxa de ocupação dos leitos de UTI já é um reflexo da terceira onda da Covid-19 no Estado. Este mês ela voltou a ficar acima dos 90% nos leitos estaduais e em Aparecida de Goiânia, acima dos 70%. A circulação de variantes e velocidade da campanha de vacinação podem atrapalhar a queda dos números, aponta especialista.
A previsão do titular da SES-GO, Ismael Alexandrino, é de que o número se mantenha alto durante todo o mês de junho. “Vamos até o fim do mês de junho com isso alto e não temos a expectativa de uma queda no começo de julho”, aponta. Para conter o aumento dos números, ele orienta que a população precisa colaborar. “É usar máscara e se vacinar.” Alexandrino aponta que, inicialmente, o aumento da curva da doença foi visto como um repique da segunda onda, que ocorreu em março. “Ele está se mantendo lá em cima, se caracterizando como uma terceira onda”, avalia. Entretanto, de acordo com ele, só é possível ter certeza se o movimento da curva foi uma onda ou apenas um repique da doença quando se “olhar para trás”.
Um alerta epidemiológico da SES-GO publicado na última segunda-feira, 21, destacou o caráter de atenção da situação depois de ser percebido um aumento substancial de casos nas últimas semanas epidemiológicas. O documento afirma que esse aumento impacta diretamente na taxa de ocupação dos leitos e óbitos e destaca aos gestores que “as medidas a serem adotadas nas próximas semanas são cruciais para conter o avanço da doença”.
Em Goiás, 30,22% da população já tomou a primeira dose da vacina contra a Covid-19. A tendência é que, com o avanço da vacinação, a taxa de ocupação e óbitos pela doença caia mais rápido. Entretanto, o biólogo e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) José Alexandre Felizola Diniz Filho aponta que é difícil dizer isso com precisão. “A campanha não está indo tão rápido quanto gostaríamos”, disse a O Popular.
No Estado, desde o pico da segunda onda a taxa de ocupação dos leitos tem ficado acima de 70%. Mesmo com a queda dos casos, internações e mortes nos meses seguintes, o dia em que a taxa ficou mais baixa foi 18 de maio, quando atingiu 77%. A última vez que ela ficou abaixo dos 60% foi no dia 18 de janeiro deste ano. Já na Capital, os números tiveram uma queda em maio, quando a taxa de ocupação ficou em torno de 60% ao longo de todo o mês, mas voltou a subir em junho.
Alexandrino explica que isso causa a sensação de repique, levando em consideração a ocupação dos leitos, que não teve uma grande queda. “Do ponto de vista técnico, existe essa sensação de repique da segunda onda mantendo um platô alto. O que conseguimos abaixar foi a velocidade da contaminação.”
A terceira onda também é vista pelos óbitos. Nas últimas 24 horas, foram confirmadas 95 mortes. “Estamos ‘estáveis’ e constantes em algo como 400, 500 mortes por semana. Na semana epidemiológica 23 de 2020 (6 a 12 de junho), foram 384 óbitos, desconsiderando os atrasos. Isso é quase a mesma coisa do pico da primeira onda”, aponta Diniz Filho.