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Goiânia mandará para fim da fila quem dispensar imunização para escolher marca

Quem se recusar a receber a vacina contra a Covid-19 em Goiânia por conta da marca do fabricante vai para o fim da fila e só receberá a dose após todas as pessoas acima dos 18 anos estiverem imunizadas. A medida será assinada pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos) e publicada em decreto nos próximos dias. A regra visa penalizar os chamados “sommeliers de vacina”, que agendam o atendimento ou se dirigem até o posto drive-thru e recusam a dose no momento em que são informados sobre as vacinas disponíveis. “Essa pessoa tira a oportunidade de outra e isso é muito sério”, diz Luana Ribeiro, secretária executiva da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Na última terça-feira, 13, a SMS distribuiu 2 mil senhas para quem foi até o drive-thru do Shopping Passeio das Águas. A medida visa a impedir que interessados fiquem aguardando na fila e não consiga a dose devido o limite de atendimento. Ao fim do expediente, os trabalhadores da Saúde da Capital identificaram que 17,3% do total de imunizantes não haviam sido aplicados por recusa dos atendidos. Isso significa que 346 pessoas não quiseram se vacinar, mesmo depois de ter pegado a senha, aguardado na fila e se cadastrado.

O prefeito Rogério Cruz reforça, em nota, que todas as vacinas disponíveis no Brasil tiveram sua eficácia comprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que cabe aos cidadãos darem suas cotas de participação. “O prefeito reforça que todas as vacinas disponíveis no Brasil tiveram sua eficácia atestadas pela Anvisa e entende que, enquanto o poder público se esforça para garantir a imunização à população, cabe aos cidadãos, que tanto esperaram a resposta da ciência, darem suas cotas de participação para vencermos esta grave crise sanitária”, diz a nota.

Luana Ribeiro ressalta que a população precisa se atentar para o momento que vive o país e que recusar a dose do imunizante por conta do fabricante é, segundo ela, uma ação de irresponsabilidade. “A pessoa ao recusar a dose disponível tira o direito de outro tomar a vacina nesse momento tão importante”. Ela acrescenta que todas as vacinas disponíveis têm eficácia comprovada, certificação dos órgãos sanitários e o mais importante é que a cobertura vacinal seja atingida.

A recusa também tem sido observada nos postos de saúde. “A pessoa agenda, comparece, vai até o funcionário e pergunta qual a vacina que está sendo aplicada. Se não for a que ela julga ser a melhor, abre o aplicativo e cancela.

Depois tenta agendar em outro posto”. A secretária executiva diz que os servidores têm informado aumento neste tipo de comportamento, especialmente a partir da ampliação dos laboratórios que fornecem as vacinas.

Justificativas infundadas
Entre as justificativas apresentadas por quem se recusa está a suposta recomendação médica para tomar a dose de um laboratório específico, ou a reação que algum conhecido teve, outros falam que determinadas vacinas não são aceitas para quem vai viajar ao exterior. “Tudo isso é argumento sem justificativa. A melhor vacina é a que está disponível, uma vez que todas têm eficácia comprovada”, afirma Luana. Ela acrescenta que os colaboradores explicam sobre a importância da imunização, orientam sobre os laboratórios, mas assim, eles desistem.

Devido aumento considerável das recusas, o caso foi encaminhado para ser discutido no Centro de Operações de Emergência em Saúde de Pública para o novo Coronavírus (COE) de Goiânia. Por unanimidade, os membros concordaram com a tomada de alguma medida contra este tipo de comportamento. Os detalhes do decreto já estão sendo discutidos, inclusive com o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), para ser divulgado nos próximos dias. “As pessoas que a partir de hoje recusam a receber o imunizante já estão sendo identificadas e serão inseridas entre as medidas que estão sendo tomadas para impedir essa prática”, conclui a secretária executiva Luana Ribeiro.

Moradora do Jardim Nova Esperança, Iolanda Damasceno conta que decidiu ir para fila do shopping logo no início da manhã desta quarta-feira, 14, para garantir a imunização. “Estamos em tempos difíceis e somente a vacina pode nos salvar e tirar dessa triste situação, por isso ter oportunidade e não aproveitar é no mínimo inaceitável”, pontua ela, acrescentando que a vacina boa é aquela que está disponível à população.

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