Editorial: A casa de papel
A gestão de Aparecida, abandonada pelo prefeito Gustavo Mendanha, que passa a maior parte do tempo (inclusive em horário de expediente) viajando para outros municípios com a cabeça tomada pela febre das eleições, transformou-se em uma casa de papel.
Quer dizer: não há nada de sólido em andamento, não existe prestação de serviços para a população aflita com os estragos causados pela chuva, não se tem notícia de obras em andamento, não se fala mais na atração das empresas que poderiam estar oferecendo empregos para as aparecidenses e os aparecidenses.
Tudo parou. O cenário é desolador. Outro dia, moradores de um setor da cidade reivindicaram da prefeitura os serviços de poda do matagal que tomou conta dos lotes baldios da região. Resposta: quem sabe, em janeiro. Não há previsão para que o bairro seja atendido, informou a Secretaria municipal de Comunicação.
Mendanha, no próximo dia 1º de janeiro, completará cinco anos como prefeito municipal. Nesse período, não cumpriu uma única das promessas enunciadas em seu plano de governo, que está devidamente registrado na Justiça Eleitoral com consulta aberta a qualquer um. Pior: muitas dessas promessas foram repetidas na campanha do 2º mandato, como o asfaltamento de todos os bairros, meta hoje mais distante de ser cumprida do que nunca.
Como disse o presidente estadual do MDB e profundo conhecedor de Aparecida, mesmo porque é filho do prefeito que mais fez pela cidade, Maguito Vilela, o município tem “uma bela gestão em matéria de lives e likes” – resultado da obsessão do prefeito pelas redes sociais. Aliás, é nos seus perfis no Facebook e no Instagram que se pode comprovar, com fartura de imagens fotográficas, que ele, hoje, passa a maior parte do tempo fora e não cuida dos assuntos executivos que seriam da sua obrigação.
Com 600 mil habitantes, no mínimo, Aparecida, dada a gravidade dos desafios não resolvidos que se acumularam, exige daquele que a governa dedicação em tempo integral. Mas, novamente citando Daniel Vilela, Mendanha “só está preocupado com eleições e não com administração”. Aquele que deveria cuidar da cidade prefere gastar os seus esforços e energia em municípios longínquos, participando de reuniões em garagens de residências e quintais – acreditando que isso vai erigir o seu nome à condição de liderança estadual.
O sr. prefeito deveria se conscientizar de que o mesmo povo que elege, tira. Ninguém é bobo. Graças à força da internet e dos meios de comunicação, qualquer cidadão e qualquer cidadã estão aptos para fiscalizar o que se passa em Aparecida com a ausência e a omissão do sr. Mendanha. Não foi para isso que ele foi eleito. Chega de brincar.