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Aparecida: Moradores do Setor Tocantins vivem com medo da erosão destruir casas

O Diário de Aparecida foi até o bairro para averiguar a situação dos moradores que estão vivendo em área de risco de desabamento

Eduardo Marques

Em muitos locais, a água que cai do céu é uma benção. Contudo, para moradores de áreas de risco, as fortes chuvas que despencaram nos últimos dias na Região Metropolitana de Goiânia têm sido um verdadeiro dano. Moradores do Setor Tocantins, em Aparecida de Goiânia, estão aterrorizados. Eles temem que suas casas desabem também. O Diário de Aparecida foi até o bairro na manhã de ontem, 15, para averiguar a situação da população que está vivendo em área de risco e ouvir as pessoas. Ao lado da Rua X-64, uma enorme cratera ameaça destruir as casas das famílias que passam dificuldades em morar em um lugar isolado pela prefeitura do município. A rua não tem nem sinal de asfalto e muito lixo e entulho espalhados por todo lado.

Além disso, os moradores do bairro contam perda de eletrodomésticos por causa da água que invadiu as casas à beira do córrego. Alguns deles temem que os alagamentos causem choques elétricos dentro de suas próprias residências. Com a volta do período chuvoso, o perigo da força destrutiva das enchentes volta a aterrorizar os residentes. Crianças que moram no local brincam à beira da erosão e estão sujeitas ao perigo da área. Moradores da região receiam que elas possam sofrer acidentes por conta da erosão.

Segundo a comerciante Elizegila da Silva, de 37 anos, o buraco que se formou no chão há aproximadamente 10 anos não para de aumentar. A cada dia que passa, o barracão dela fica mais próximo de desabar. O sono tranquilo já deixou de ser uma realidade para a família. Seu rosto cravado com olheiras demonstra sua preocupação cotidiana. “Essa cratera todo ano aumenta mais. Inclusive, quando chove ela vai abrindo ainda mais. Meu barracão só está se aproximando dela. Meu maior medo é esse”, relata.

Ela afirma também que a enxurrada tem causado muitos problemas para quem quer passar pela rua. A X-64 vira um verdadeiro rio de lama sob a forte chuva. “A água desce levando tudo que tem na frente. Esse entulho que está aqui na porta, o pessoal joga lá em cima e a água vem e carrega tudo aqui para baixo de novo. A rua toda vira uma enxurrada e ninguém consegue passar”. Elizegila afirma que acha que esse ano a chuva veio mais forte do que no passado.

Para seu vizinho, Vinícius Santana, de 22 anos, o problema não estaria tão latente se tivesse sido resolvido a tempo. “Isso aqui não era para estar assim se a Prefeitura de Aparecida de Goiânia tivesse tapado esse buraco quando ele estava pequeno. Nada foi feito e agora a gente está aqui, com medo e correndo risco de vida”, afirma Santana. Ele também relata que os moradores tentam tapar o buraco de qualquer jeito, mas o lixo que é usado para isso também se torna um inimigo das famílias, pois atrai mosquitos e ajuda a transmitir doenças. Vinícius se sente abandonado pelo poder público que nada tem feito para tirar essas famílias desta situação aterrorizante.

“Os moradores aqui vivem uma péssima realidade. É crítico. O setor aqui é cheio de lixo, por que as pessoas tentam tapar o buraco de qualquer forma. Até a gente aqui em casa mesmo, por questão de doença já passou mal. Estamos numa região que é muito feia”, lamenta Santana. Ao ser questionado sobre o perigo das crianças circularem próximas da cratera, Vinícius foi categórico. “As crianças, se ficarem presas em casa é igual a um animal dentro do curral ou até mesmo um cachorro acorrentado. Não posso concordar com isso.”

Prefeitura só lembra da comunidade em época de eleições, mas depois esquece 

O serralheiro Bruno Oliveira, de 25 anos, frisa que os moradores já estão cansados de ouvir promessas da Prefeitura de Aparecida de Goiânia que vão arrumar a erosão que criou na Rua X-64. “Eles só veem aqui em época de eleições. Prometem que vão consertar esse “buracão” aqui, mas até hoje nada fizeram como você pode ver. Os adultos não têm sossego com as crianças. Aqui é o tempo correndo atrás delas para não cair na erosão. É um perigo que estamos correndo e ninguém da prefeitura vem nos ajudar. Queremos providência urgente”, reclamou.

O barracão do aposentado Cassimiro Silva Bastos, de 68 anos, está entre essas construções críticas que está próxima de desabar. Seu rosto cravado com olheiras demonstra preocupação cotidiana. Ele relata que a enorme cratera ameaça acabar com as casas das famílias que passam dificuldades em morar em um lugar isolado pela Prefeitura de Aparecida de Goiânia. Ele faz coro com o vizinho e reclama que eles já estão cansados de ouvir promessas vazias do poder público municipal.

“Aqui falta tudo: água, luz, telefone e quando chove nem carro consegue vir até aqui”, diz. Preocupado com as famílias que lá vivem, ele teme que a cratera ‘engula’ os barracões. “Essa cratera todo ano aumenta mais. Inclusive, quando chove ela vai abrindo ainda mais. Meu barracão só está aproximando dela”, relata. Quando chove, a situação piora. “A água desce levando tudo que tem na frente. Esse entulho que está aqui na porta, o pessoal joga lá em cima e a água vem e carrega tudo aqui para baixo e cai dentro do córrego. A rua toda vira uma enxurrada e ninguém consegue passar”, conta.

População relata dificuldades enfrentadas pela falta de asfalto

A comerciante Elizegila afirma que se sente abandonada pela Prefeitura de Aparecida de Goiânia. “Em época de eleição todos falam a mesma coisa, que o asfalto vai beneficiar a gente, que vai ser muito bom, mas depois eles somem e não fazem mais nada. Aí, fica só na proposta, a cratera vai abrindo e nada acontece”, denuncia. Ela afirma que está com medo, mas que no bairro existem pessoas em situação ainda pior. A mulher cobra uma resposta das autoridades. “Então a gente aguarda alguma resposta do prefeito para ver o que vai acontecer com a gente.”

O serralheiro Bruno descreve os problemas enfrentados pela falta de asfalto na Rua X-64, no Setor Tocantins. “Nessa época de chuva, principalmente, nós ficamos ilhados. Ninguém gosta de vir aqui. Moramos em uma parte do setor que carro de aplicativo nem vem aqui. Eles prometem que vão trazer o asfalto para nós, mas até hoje nada foi realizado. Aqui ninguém é vagabundo. Todos nós pagamos impostos. Estamos em dia com as nossas obrigações, trabalhamos e por que estamos nessa situação até hoje?”

O jovem Vinícius diz que o Setor Tocantins é bom de morar, mas viver abandonado pelo poder público municipal, segundo ele, cansa. “Os meninos ficam doentes direto. Fora que aqui quando chove vira um verdadeiro rio. Quando você mora num setor estruturado, tudo fica melhor. Os impostos chegam na hora, mas a gente não vê o benefício chegar da mesma forma. Um lugar com boa estrutura dá dignidade para os moradores”, afirma.

Sem respostas

O DA entrou em contato, por e-mail, com a Secretaria de Comunicação (Secom) da Prefeitura de Aparecida de Goiânia para saber quais providências serão tomadas a fim de solucionar os problemas de infraestrutura no Setor Tocantins, no entanto, até o fechamento desta edição, ela não havia se manifestado. Em cumprimento às leis vigentes neste País, o jornal segue aberto para novas declarações. (E.M.)

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