Estudo revela que dose de reforço protege em quase 100% contra a Covid-19
Participantes do estudo estavam em acompanhamento desde o início da pandemia e receberam as duas primeiras doses da CoronaVac e o reforço da Pfizer
Eduardo Marques
Uma pesquisa realizada com 1.310 funcionários do Hospital das Clínicas de São Paulo revelou que após a terceira dose do imunizante contra a Covid-19 a produção de anticorpos sobe para 99,7%, muito próximo da totalidade. O trabalho teve o apoio do Instituto Todos pela Saúde, do Itaú. Para ampliar a proteção contra a variante Ômicron, no dia 18 de dezembro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou a redução do intervalo de aplicação da dose de reforço da vacina contra o novo coronavírus de cinco para quatro meses. Com informações da FolhaPress.
Os participantes do estudo estavam em acompanhamento desde o início da pandemia e receberam as duas primeiras doses da CoronaVac e o reforço da Pfizer. A dosagem de anticorpos é uma das formas de medir a proteção de uma vacina.
Segundo a infectologista da unidade hospitalar e responsável pelo balanço, Silvia Figueiredo Costa, provavelmente, se as duas primeiras doses tivessem sido aplicadas de outro imunizante, a resposta seria semelhante, o que destaca a importância do reforço. Contudo, não é possível confirmar essa hipótese no momento, uma vez que estudos sobre a dose de reforço começaram a sair recentemente.
“O que nos deixa mais tranquilos, como parte da população brasileira, do Chile e de outros países que receberam a primeira e segunda dose da CoronaVac, após o reforço com a vacina de outro fabricante houve essa pontuação bem elevada de produção de anticorpos”, avalia a médica à FolhaPress. Para a análise, os anticorpos foram medidos quatro vezes e as amostras de soro coletadas submetidas ao teste de anticorpos da classe IgG (Imunoglobina G) pelo método de quimioluminescência.
“É um teste de última geração, o mesmo método do ano passado, mas que agora está avaliando três partes da proteína S [Spike] e ficou mais interessante trabalhar a resposta vacinal”, explica a infectologista. Na mesma coorte foram analisados os anticorpos neutralizantes – aqueles capazes de bloquear a entrada do vírus nas células –, mas os resultados serão conhecidos só no ano que vem.
Antes da disponibilização das vacinas, a taxa de soroconversão de anticorpos no grupo estudado estava em 15,1% e exclusivamente relacionada ao contato da pessoa com vírus. Após a aplicação da primeira dose, em fevereiro, a taxa subiu para 28,9%. Com a segunda dose, em abril, o percentual alcançou 89,5% e neste mês, após o reforço da Pfizer, chegou a 99,7%. “Nós esperamos duas semanas após a terceira dose para dar tempo de ter a produção de anticorpos”. Do grupo, apenas quatro pessoas não apresentaram anticorpos contra a Covid-19.