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Com falta de vagas na rede, ano foi marcado pelo abandono na Educação pública municipal

Prefeito cumpriu o 1º mandato e começou o 2º sem resolver o problema de déficit nos Cmei's de Aparecida. Obras de unidades escolares abandonadas pela gestão também marcaram 2021

Eduardo Marques

Ao longo de 2021, o déficit crônico de vagas nos Centros Municipais de Educação Infantil (Cmei’s) de Aparecida de Goiânia atormentou as famílias. O prefeito Gustavo Mendanha (sem partido) cumpriu o seu 1º mandato sem resolver a questão e começou o 2º sem dar nenhum sinal de que vai enfrentar esse desafio. Nada é mais grave, em termos educacionais, do que a persistência desse problema: não há vagas suficientes para todos os responsáveis que quiseram matricular seus menores na educação pública municipal infantil. Além disso, a prefeitura do município segue abandonando as obras paralisadas de Cmei’s.

A ex-secretária municipal de Educação de Aparecida, Valéria Pettersen, que se afastou da pasta para se candidatar e conquistar uma vaga de vereadora, alegou que recebeu dos seus antecessores uma herança pesada, configurada na falta de vagas na Educação Infantil. Ela afirmou que tentou contornar ou pelo menos amenizar o problema celebrando convênios com instituições filantrópicas, a maioria religiosas, para o acolhimento das crianças em idade de receber a chamada Educação Infantil.

Até o mês de abril, o número de crianças no cadastro reserva dos Cmei’s estava em 7.060. Pior: pelo menos 25% dos alunos da rede municipal não conseguem assistir às aulas remotas, nova realidade do ensino em todo o mundo. Isso porque não têm acesso à internet para o ensino a distância. Essa é a “cidade inteligente” que o marketing da prefeitura vende diariamente.

O prefeito Gustavo Mendanha chegou a anunciar festivamente a construção de 15 novos Cmei’s, sendo que 11 estariam com projeto de engenharia aprovado, aguardando apenas o aporte financeiro do governo federal para ter suas obras iniciadas. Um exagero. Nada aconteceu. Atualmente Aparecida conta com 31 Cmei’s, 56 escolas municipais em Tempo Parcial, cinco escolas em Tempo Integral e 22 instituições conveniadas. Mesmo assim, sem conseguir atender à demanda.

Um exemplo do descaso do poder público com a falta de Cmei’s no município é a construção do Cmei Comendador Walmor, que se iniciou em novembro de 2014 para entrega em junho de 2015. A obra, orçada em quase R$ 2 milhões, segue abandonada até hoje, transformada em valhacouto para depredação de vândalos e motivo de preocupação para a comunidade. O Diário de Aparecida esteve no local recentemente e constatou que a Prefeitura de Aparecida ainda não tomou nenhuma providência no sentido de concluir a construção.

No dia 18 de agosto deste ano, inclusive, a Secretaria Municipal de Educação alegou que a obra do Cmei estava paralisada por conta do abandono da empresa vencedora da licitação, que declarou falência. De acordo com a pasta, a última ordem de serviço assinada ocorreu em 5 de setembro de 2014, na então gestão do ex-prefeito Maguito Vilela (MDB).

Inconformada pelo atraso, a dona de casa Maria Conceição, de 35 anos, afirmou que quando ficou sabendo da construção da unidade escolar no bairro ficou toda entusiasmada. À época, ela havia acabado de engravidar, então planejou que a sua filha, Maria Vitória, de 11 anos, pudesse estudar enquanto ela e o marido trabalhassem. Ilusão.

“Quando engravidei da minha menina já estava praticamente tudo planejado. Na época até fiquei feliz que ia ter um Cmei perto de casa e eu ia matriculá-la. Ela nasceu, completou um ano, dois, três, quatro, e assim por diante, porém, até hoje nada. Eu tive que abandonar o emprego para cuidar dela até ela completar a idade para uma escola municipal, foi um tempo difícil que passamos aqui em casa por falta dessa falta de vaga. Hoje vejo mães passando pelo mesmo problema e o prefeito de Aparecida só promete, mas nunca cumpre”, reclama.

Cintya Rosa de Paula, de 40 anos, mora em frente ao Cmei. Com dois filhos, ela não conseguiu vagas nos Cmeis do município e lamenta os anos de displicência do poder público municipal com a obra. “Não só eu, mas muitas mães e avós são obrigadas a pagar babá. Muitos aqui ganham salário mínimo e pagam até R$ 500 para as babás. Só na Rua Malaquita, conheço mais de dez famílias que as mães não podem trabalhar fora por não ter onde deixar seus filhos. Imagina a dificuldade que passamos?”, indagou.

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