Ninguém de importância política ou econômica aderiu a Mendanha
Desde que se lançou pré-candidato, há quase um ano, prefeito de Aparecida não atraiu nenhum apoio significativo nem conquistou o respaldo de qualquer liderança de expressão
Helton Lenine
Quando decidiu que seria candidato a governador, o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha (sem partido) ficou “empolgado”, ligava para todo mundo e começou a viajar para o interior — inclusive deixando a prefeitura ao deus-dará (hoje, o “verdadeiro” prefeito, na opinião até de funcionários, é o secretário da Fazenda, André Rosa, conhecido como André Chefão, por ser o auxiliar mais “poderoso” de Mendanha).
Agora, a oito meses das eleições, patinando nas pesquisas — não consegue chegar a 10% (já o governador Ronaldo Caiado, do DEM, sempre aparece com mais de 40%) —, o ânimo de Mendanha já não é o mesmo. Na verdade, ele continua viajando pelo interior, no avião e no helicóptero da deputada federal e milionária Magda Mofatto (PL). Mas não estaria mais tão motivado.
Pode acabar ficando na prefeitura, até dezembro de 2024, optando por não sair em 2 de abril deste ano, daqui a dois meses (fevereiro e março) e 20 dias (de janeiro), ou seja, 80 dias? É possível. Porém, temendo desmoralizar-se ante os novos companheiros de jornada — como Mofatto, o deputado federal Professor Alcides Ribeiro (PP), os deputados estaduais Paulo Cezar Martins (de saída do MDB) e Cláudio Meirelles (PTC) e Humberto Teófilo (PSL) —, o mais provável é que continue na disputa, mesmo se sacrificando.
Outro fato que aliados de Mendanha lamentam é que não tem conquistado apoios de peso no Estado. “Gustavo está muito sozinho. Tanto que, a rigor, só uma deputada federal, Magda Mofatto, o tem acompanhado em suas viagens pelo Estado. Professor Alcides é aliado, ajuda, mas está mais preocupado com sua própria campanha. Tanto que, em determinadas cidades, conta com o apoio de políticos que vão trabalhar na campanha de Ronaldo Caiado”, afirma um mendanhista.
Na viagem ao Nordeste goiano, líderes locais viram um Mendanha — lá chamado de “o menino da Magda” — “pouco empolgado” e “disperso”. Magda teria dado um cutucão no prefeito, cobrando que fosse mais proativo. Os comentários, na região, é que ele seria o “picolé de chuchu do Cerrado”, alusão à sua falta de “sabor” como candidato.
Se for derrotado em 2 de outubro deste ano, Mendanha ficará fora da política, em termos de mandato e cargos, por quatro anos — 2023, 2024, 2025 e 2026. É um tempo muito longo para um político não ser esquecido, sobretudo se não disputou mandato, antes, de deputado estadual, deputado federal e senador. Um político de Aparecida conta que já ouviu Mendanha falando que, se perder para governador, disputaria mandato de vereador, em Aparecida ou em Goiânia, em 2024, única exclusivamente para não ficar sem mandato por tanto tempo.
Vilmarzim, que não acompanhou a desfiliação ao MDB, é a pedra no sapato
Gustavo Mendanha, para viabilizar a sua candidatura a governador, enfrenta um problema tido como “grave”: a falta de confiabilidade do vice Vilmar Mariano, o Vilmarzim. Ligado ao deputado federal Prof. Alcides, Vilmarzim, que permaneceu no MDB, não acompanhou a desfiliação de Mendanha, mas afirma que não romperá com o prefeito. E talvez não rompa mesmo. Porém, se perceber que Mendanha está se tornando carta fora do baralho e entendendo que, ao assumir a prefeitura, seu projeto principal será fazer uma gestão eficiente e não servir de fantoche para seu antecessor — para tentar garantir sua reeleição em 2024. O fato é que, apesar dos salamaleques das duas partes, Mendanha e Vilmarzim se toleram, mas não se “amam”.
Aliados do prefeito dizem ostensivamente, nos bastidores, que, em relação ao falecido ex-prefeito Maguito Vilela e Mendanha, o vice poderá representar um retrocesso administrativo e, até, ético, além de fazer piada com as falas de Vilmarzim. Este, por sua vez, cultiva fervorosamente a aparência de fiel a Mendanha, mas são poucos os que acreditam. Ele teria até uma lista de secretários que seriam dispensados no 1º dia do seu mandato, caso venha a assumir, entre eles Oséas Laurentino, da Comunicação, André Rosa, da Fazenda, e Tatá Teixeira, da Articulação Política, que ele, Vilmarzim, tem em péssimo conceito. (Com informações do Jornal Opção)
Prefeito monta time de derrotados para defender seu nome no interior
Após um ano de peregrinação pelo interior do Estado, o prefeito Gustavo Mendanha (sem partido) não conseguiu “encher uma sala” de lideranças políticas para ouvir o seu discurso como pré-candidato ao governo de Goiás. Nem mesmo com o “reforço” de políticos que levava de Aparecida, Mendanha chegou a reunir pelo menos uma plateia expressiva para apresentar suas propostas como postulante à sucessão estadual. O prefeito viaja ao interior acompanhado de vereadores, ex-vereadores e suplentes de vereador que ocupam cargos comissionados na sua administração.
Levantamento feito pelo Diário de Aparecida mostra que apenas lideranças políticas inexpressivas – ex-prefeitos, ex-vereadores, suplentes e a arraia-miúda de partidos políticos – saíram em público para aliar-se a Gustavo Mendanha. A maioria deles é de candidatos a prefeito e vereador derrotados nas eleições de 2020 em suas respectivas cidades.
Da bancada federal de Goiás, nenhum senador tem alinhamento com o projeto de Gustavo Mendanha; dos 17 deputados federais, dois apenas estão com o ex-emedebista: Magda Mofatto (PL) e Professor Alcides (PP). De 41 deputados estaduais, apenas três – Paulo Cezar Martins (MDB), Cláudio Meirelles (PTC) e Delegado Humberto Teófilo (PSL) – anunciam apoio a Mendanha.
Desde que se desfiliou do MDB, no final de setembro do ano passado, Gustavo Mendanha também não consegue acertar ingresso em um partido para concorrer ao governo de Goiás. Ele acreditava estar certo um acordo para filiar-se ao Partido Liberal (PL), já que conta com o respaldo do casal Magda Mofatto/Flávio Canedo, mas foi atropelado pelos bolsonaristas, após filiação do presidente.
A “tropa de choque” bolsonarista é comandada pelo deputado federal Major Vitor Hugo, que hostiliza e reprova violentamente o projeto eleitoral de Gustavo Mendanha através das redes sociais. As conversas com os dirigentes do Progressistas e do Republicanos não avançaram. É que o PP está na base do governador Ronaldo Caiado e prioriza a pré-campanha do ex-ministro Alexandre Baldy na disputa pelo Senado. O Republicanos prefere lançar candidato ao Senado, no caso, o atual deputado federal João Campos e aguarda uma definição de Caiado.
O prefeito de Aparecida conversa com a presidente nacional do Podemos Renata Abreu, que hesita em formular convite a Mendanha. É que o partido pode se aliar ao União Brasil, em nível nacional, o que dificultaria uma aproximação em Goiás com o prefeito aparecidense, já que o governador Ronaldo Caiado vai ser o presidente da nova sigla em Goiás. (H.L.)