Aparecida

População sofre com unidades de emergência superlotadas, enquanto prefeito faz turismo pelo Estado

Aparecidenses reclamam que as UPA’s e Cais da cidade não oferecem atendimento de boa qualidade e dizem que aparentam estar a beira de um colapso

Eduardo Marques

Enquanto o prefeito Gustavo Mendanha (sem partido) realiza tour político partidário permanente por outras cidades de Goiás atrás de lideranças insignificantes e de nenhuma expressão para sustentar a sua ambição de disputar o governo do Estado, a gestão de Aparecida de Goiânia segue abandonada, largada e esquecida. Apesar de a prefeitura oferecer as 40 Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) e o serviço de Telemedicina para desafogar as cinco unidades de urgência e emergência do município (UPA’s Flamboyant, Buriti Sereno e Brasicon e os Cais Nova Era e Colina Azul), aparecidenses continuam aflitos e reclamam da demora para receber assistência médica na rede pública municipal.

Pacientes com sintomas gripais e de dengue seguem aguardando por horas na fila do atendimento. Debilitadas, sem local disponível sequer para se sentar, muitas pessoas desistem da espera e voltam para casa sem passar pela consulta médica. O Diário de Aparecida, além de receber diversos vídeos e áudios diariamente, percorreu ontem, 17, pelas UPA Flamboyant, Buriti Sereno e Cais Colina Azul e verificou a denúncia de superlotação.

É o caso da dona de casa Elza Silva, de 38 anos. Ela relata que chegou à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Geraldo Magela, no Parque Flamboyant, às 5 horas. Às 13 horas ainda não havia sido atendida. Com dores pelo corpo, ela diz não ter condições de aguardar mais tempo de pé, do lado de fora da unidade. “Está muito cheio, nem lá dentro da sala de espera, a gente consegue ficar com um mínimo de conforto. Amanhã, vou chegar bem mais cedo para tentar ser atendida. Meu corpo está todo dolorido, não tenho mais forças para ficar esperando”, diz.

Com dores pelo corpo, coriza, garganta inflamada e três noites sem dormir, o porteiro José Lima, de 40 anos, por sua vez, decidiu ficar. Ele conta que chegou à UPA Flamboyant por volta das 7 horas e até 13 horas não havia sido atendido. “Preciso que o médico me olhe e me receite um remédio, um tratamento para eu conseguir dormir direito. Senão, estou perdido. Por aqui está um caos. Nós pagamos os impostos e a população recebe esse desmando total. Ajuda nós, prefeito!”

A vigilante Sílvia Rosária Gonçalves, de 36 anos, chegou à UPA Buriti Sereno às 8 da manhã de domingo, 16, e foi embora às 14 horas do dia seguinte, sem ser atendida. “Eu sou hipertensa e tenho problemas respiratórios. Eu cheguei lá com muita falta de ar, passando mal, simplesmente passei pela triagem e mandou a gente sentar lá fora. A UPA estava lotada, mas dois médicos só para atender a demanda de pacientes que tem aqui”, contou Sílvia.

Uma mulher que preferiu não se identificar procurou o DA para relatar a demora no atendimento na UBS Jardim Olímpico, na região leste de Aparecida. Ela relata que no sábado, dia 15, estava com alguns sintomas de Covid-19 como dor no corpo, febre e diarreia e procurou atendimento na unidade.

“Fui lá ao meio-dia. Muita gente esperando por atendimento. Saí de lá era por volta das 19 horas. Apesar dos sintomas, fiz o teste e o resultado deu negativo. Esse povo devia proporcionar um atendimento mais rápido nas unidades porque quanto mais tempo que passar por lá, mais chances de outras pessoas que não estão doentes contraírem, daí o vírus só espalha pela cidade. É uma questão de lógica e logística. Mas o prefeito vende uma propaganda de ‘cidade inteligente’, mas não está sendo nada inteligente. Ele devia olhar por nós, antes de querer ser governador”, desabafa.

O mesmo cenário se repete no Centro de Atenção Integrada à Saúde (Cais) Colina Azul. Uma mulher que preferiu não se identificar relatou a demora no atendimento. “Qualquer horário que você chega está lotado. A maioria das pessoas estão ali esperando para pegar senha, não é nem para o atendimento em si, pois depois de pegar a senha você continua na fila, só que desta vez para ser atendida. É um absurdo deixar as pessoas doentes esperando por tanto tempo”, reclamou.

Prefeitura calada

A reportagem do DA entrou em contato ontem, 17, de manhã, por e-mail, com a Secretaria de Comunicação (Secom) da Prefeitura de Aparecida de Goiânia para solicitar um posicionamento sobre a nova denúncia de superlotação nas unidades públicas municipais, no entanto, até o fechamento desta edição, às 17 horas, ela não havia se manifestado. O espaço segue aberto para novas manifestações.

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