Política

Vanderlan paga com traição e deslealdade o apoio que recebeu de Caiado em 2020

Senador prometeu caminhar com a reeleição do governador, mas quem o conhece bem já previa que ele tomaria outro rumo: “Não sabe conviver com quem possui mais brilho que ele”

Foto: Reprodução Instagram


Da Redação

Em 2020, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) saiu às ruas de Goiânia para apoiar a campanha do senador Vanderlan Cardoso (PSD) à prefeitura de Goiânia. Caiado subiu no palanque de Vanderlan com gosto. Ele foi procurado insistentemente pelo candidato adversário, Maguito Vilela, do MDB, mas não mudou de posição e seguiu com o senador até as últimas consequências – Vanderlan perdeu a eleição.

Graças a Caiado, o principal cabo eleitoral da época, o prefeito Iris Rezende, adotou uma posição inédita: não declarou apoio ao candidato do seu partido nem participou da campanha. Iris não esteve em nenhum evento de natureza eleitoral e nem sequer anunciou em quem iria votar.

Grato, como não poderia deixar de ser, Vanderlan garantiu, a partir daí, que seu compromisso para 2022 seria com a reeleição de Caiado. Repetidas vezes, o senador falou à imprensa assegurando que devia reciprocidade e que, nos palanques da próxima eleição para o governo do Estado, estaria pedindo votos para a conquista de mais um mandato para o atual governador.

Não que o apoio de Vanderlan tenha importância decisiva em uma disputa eleitoral. O senador é um político solitário, sem base real nos municípios. É também um homem sem amigos. Sua carreira nas urnas tem uma coleção de derrotas: duas para o governo estadual e duas para a prefeitura de Goiânia. Só venceu para prefeito de Senador Canedo e para o Senado, nesse último caso aproveitando a onda que se levantou contra o ex-governador Marconi Perillo e empurrou o tucano para o 5º lugar na corrida pelas duas vagas na Câmara Alta em 2018.

Conhecedores da personalidade de Vanderlan cansaram-se de avisar Caiado, prevendo que o senador, mais cedo ou mais tarde, quebraria a sua própria palavra e se lançaria candidato ao governo em 2022 ou apoiaria outro nome. “Vanderlan não consegue conviver com quem possui mais brilho do que ele acha que tem”, explicam.

E lembram também que a candidatura a prefeito de Goiânia, em 2020, configurou outra traição, naquele momento a Maguito Vilela, a Daniel Vilela – que respaldaram a candidatura de Vanderlan a senador em 2020, pela coligação liderada pelo MDB, integrada, na época, pelo PP, partido de Vanderlan.

Além disso, acrescentam, ele só visa aos seus próprios interesses pessoais e não de se engaja em projetos de grupos ou mesmo coletivos, o que justifica sua passagem por quase 10 partidos, em pouco mais de 15 anos de trajetória – PR, PMDB, PSC, PSB, PP e, por último, o PSD, são apenas alguns. No Senado, caracteriza-se como um despachante de luxo para intermediar recursos para prefeitos, tendo aparecido no escândalo do orçamento secreto.

Também se transformou em um ferrenho defensor das pautas bolsonaristas, mesmo as mais retrógradas. A profecia estava correta. Alegando não ter sido consultado quando Caiado convidou o presidente estadual do MDB para a vaga de vice na sua chapa, Vanderlan aproveitou a desculpa para romper e hoje está engajado na candidatura a governador de um estranho no ninho goiano, a do deputado federal Major Vitor Hugo (PL).

Consumou-se a traição, conforme se aguardava. Depois de defender cansativamente o apoio do PSD à reeleição de Caiado e jurar que ele mesmo estaria com o governador, o senador repentinamente se alinhou com o Major Vitor Hugo e já é um dos coordenadores da campanha do bolsonarista. Trocou de candidato como quem troca de paletó.

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