Faltam menos de 10 dias para a Páscoa. A data é celebrada pelos religiosos como o renascimento de Cristo, mas é celebrada pelo mercado de negócios como uma grande festa de venda de chocolate, graças aos tradicionais ovos, oriundos de festas pagãs.
Supermercados da região metropolitana de Goiânia estão repletos de opções para quem não abre mão dos tradicionais ovos de Páscoa. Um levantamento feito pela pela Associação Brasileira de Supermercados, mostra que, em média, 20% dos ovos que estão sendo ofertados em Goiás tem entre 100 g a 521 gramas. O estudo mostra ainda que os os mini-ovos, coelhos, barras de 60 gramas até 101 gramas representam 25,1% do que está nas prateleiras. Bombons, de 77 g a 250 gramas, são 26,7% do volume total.
Os números vão de encontro a uma pesquisa de consumo divulgada pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab) ainda no começo do ano. Segundo o estudo, devido à situação econômica dos consumidores, que em sua maioria passam ainda um momento de crise pós-covid, à procura, nesta páscoa, seria por produtos de menor gramatura e com preços mais populares.
Mesmo assim, e, incentivando que a indústria se adequasse à nova realidade do consumo, a Abicab aguarda aumento de 13% em vendas em relação ao ano anterior. A expectativa da Associação Goiana de Supermercados (Agos) é um pouco maior. Eles estimam aumento de vendas em torno de 23% em volume.
O presidente da Associação Goiana de Supermercados (Agos), Sirlei Antônio do Couto, enfatiza que a Páscoa é uma das datas comemorativas mais esperadas pelos brasileiros e que as inovações da indústria, tanto em tamanho, quanto em peso ou sabor tendem a aquecer as vendas. “A maior demanda pelos produtos é historicamente na última que antecede a Páscoa”, explica.
Quem também já aguarda a chegada da data comemorativa e já aquece a economia na grande Goiânia são as produtoras de ovos artesanais, que já sentem a mudança no perfil de pedidos dos consumidores.
“Minhas clientes estão optando por ovos pequenos para presentear todos os filhos e pessoas queridas. Entre cortar alguém querido da lista de presentes e diminuir o tamanho do pacote, elas optaram pelo pacote menor”, explica Janice de Oliveira, 60 anos, que trabalha com produção de bolos, doces e ovos de Páscoa artesanais há mais de cinco anos.
De acordo com ela, no passado ela vendeu 500 ovos de Páscoa de colher, 300 deles com mais de 500 gramas. Este ano, até o momento, ela já tem encomenda de 350 ovos, destes apenas 93 tem mais de 500 gramas.
“É bem visível que as pessoas vão comprar pacotes menores. Não termos como disfarçar ou esconder que os ovos subiram muito om preço. Para ter uma ideia, ano passado eu fiz vários ovos de chocolate nobre, que são os mais caros por terem uma qualidade melhor no sabor. Este ano, até o momento eu não tenho nenhum pedido para eles”, disse a confeiteira.
Como exemplo na mudança de preço, ela cita o chocolate. “”Ano passado eu comprava a barra por R$ 30,00 em média. Este ano, a mesma marca e o mesmo modelo, com a mesma gramatura sai por R$ 59,00”, conta.
Janice contou ainda que trabalha sozinha e que, no período da Páscoa, contratava duas pessoas para a Semana Santa, que é o período de pico das vendas. Mas que este ano contratou apenas uma pessoa para não incluir este valor nos preços dos ovos oferecidos ao consumidor.
Simone Costa, 35, funcionária pública, também já decidiu que este ano os pacotes serão menores. Ela explica que sempre compra de produtores artesanais para estimular o comércio local e que este ano manteve apenas esta tradição. “Os ovos dos meus filhos diminuíram. Ano passado eram de colher e tinham 600 gramas cada um. Este ano serão apenas de 300 gramas”, revela.