Aparecida

Número de pessoas sem teto aumentou em Aparecida de Goiânia

Pandemia foi determinante para o empobrecimento da população

O número de famílias sem moradia ou com risco de perder a moradia aumentou consideravelmente em todo o Brasil, desde o início da pandemia de Covid-19 em 2020.  Dados do Cadastro Único, mostram que em Goiás existiam 155.769 famílias e 401.650 pessoas em situação de déficit  habitacional. Isso representava cerca de 5,7% da população goiana.

Um novo dado não foi publicado, mas a estimativa de ONGS e de projetos sociais que acolhem famílias em situação de vulnerabilidade apontam que o número deve ter aumentado pelo menos 19%.  Dados  da  Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária apontam que em Aparecida de Goiânia o deficit habitacional é superior  a 35  mil famílias.

Dados da Central Única das Favelas em Goiás (Cufa-GO) revelam o crescimento da miséria em Goiás  e explicam o aumento do número de pessoas sem teto. A quantidade de goianos que vivem com renda inferior a R$ 10 por dia aumentou de 6% para 8% da população do estado, depois da pandemia de Covid-19.

De acordo com a economista Simone Pádua, especialista em economia solidária, muitas famílias perderam totalmente o sustento e também o provedor do sustento para a Covid-19 e isso fez a situação de falta de moradia se ampliar significativamente.

Segundo a economista, as pessoas que foram literalmente jogadas na rua nos últimos anos, viram, em sua maioria, a vida passar por uma enorme reviravolta durante a pandemia. Pádua explica que são pessoas que tinham uma situação financeira menos favorável e, que, por conta da situação econômica,  perderam tudo.

Ela detalha que não são membros das classes A, B e C que foram jogados na rua e estão morando em casas de lona e invasão com seus filhos. “São famílias de classes D e E. Pessoas que dependiam diretamente do trabalho diário para pagar as contas e manter o aluguel ou a prestação da residência em dia. Grande parte dessas pessoas são mulheres que perderam seus companheiros para a doença”, detalha.

A veracidade da explicação de Simone Pádua pode ser comprovada no aumento das casas nas invasões em Aparecida de Goiânia.  Uma delas, a Ocupação do Alto da Boa Vista viu o número de famílias subir de cerca de 400 para 700 em três anos.

Números da Central Única das Favelas em Goiás (Cufa-GO) apontam que Aparecida possui 19 mil famílias vivendo em moradias precárias.

A história dos moradores que chegam ao local é normalmente semelhante à de Josy Silva Souza, 29 anos. Ela mora em um barracão de lona com seus dois filhos, de 2 e de 5 anos, há pouco mais de 1 ano. Mãe solteira, ela detalha que está desempregada e que não tem família para deixar a criança enquanto busca emprego. “Estou desempregada, não encontro vaga nas creches para deixar os meninos e ir em busca de emprego”, conta.

Ela não contém as lágrimas ao revelar, além das dificuldades em encontrar a creche, sair da situação de sem moradia se torna cada vez mais difícil. “As pessoas não querem empregar pessoas que moram em barracos de lona. Somos vistos como sujos, preguiçosos e desonestos, quando na verdade, tudo que queremos é uma oportunidade de recomeçar”, explica.

Para auxiliar essas pessoas e permitir que elas tenham um recomeço que a Ong Teto busca voluntários para edificar cinco novas moradias emergenciais na ocupação Beira da Mata. Felipe Ribeiro, gestor da Teto na região  Centro-Oeste, explicou que as casas são feitas de placas de madeira compensadas que são encaixadas e fixadas com pregos.

Ele detalha que a casa emergencial dura de dois a dez anos, que é o tempo necessário para que buscar trabalho e outras oportunidades para começar uma nova etapa da vida. Segundo ele, o processo de construção é feito com uso de ferramentas simples. Ribeiro explica que os  voluntários fazem a fundação com tocos que sustentam a construção e instalam as placas das paredes e dos pisos.

Para participar do grupo que irá realizar a construção é exigido que tenha mais de 16 anos e que faça a inscrição até  14 de abril no perfil @teto.br.co no Instagram. Como as vagas são limitadas, serão validadas as primeiras inscrições.  Durante a ação, os moradores se juntam aos voluntários para construir a residência emergencial. As casas emergenciais tem 18 m². Elas são entregues após sorteio entre as famílias identificadas em pior condição.

Ações públicas também buscam solucionar o problema 

Para amenizar o problema das moradias em Goiás, o Governo do Estado iniciou a construção de moradias a custo zero em 30 municípios goianos.  Alguns já estão em fase adiantada de execução das obras.  Em Aparecida de Goiânia, a Prefeitura Municipal atua em parceria com o Governo Federal por meio do Minha Casa Minha Vida.

 

Fernanda Cappellesso

Olá! Sou uma jornalista com 20 anos de experiência, apaixonada pelo poder transformador da comunicação. Atuando como publicitária e assessora de imprensa, tenho dedicado minha carreira a conectar histórias e pessoas, abordando temas que vão desde política e cultura até o fascinante mundo do turismo.

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