Após uma investigação de um ano e meio, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), ligado ao Comando da Aeronáutica, concluiu que o acidente aéreo que resultou na morte da cantora Marília Mendonça, e outras quatro pessoas em 2021, não foi causado por falha mecânica.
O relatório aponta que o piloto contribuiu para o acidente ao decidir a manobra de pouso no aeroporto de Caratinga, Minas Gerais. A aeronave acabou atingindo um cabo para-raios de uma linha de transmissão de energia pertencente à Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
A investigação do Cenipa tem como objetivo propor medidas para evitar futuros acidentes, e não atribuir culpa a indivíduos. Antes da divulgação do relatório, o advogado da família de Marília Mendonça defendeu o piloto, destacando sua experiência de 33 anos na profissão.
O relatório indica que o “julgamento de pilotagem” foi um fator contribuinte para o acidente. A aproximação para o pouso foi iniciada em uma distância maior do que a esperada, resultando em uma altura reduzida em relação ao solo. O relatório também menciona a possibilidade de a tripulação estar focada na pista de pouso, negligenciando a separação adequada do terreno.
O cabo para-raios com o qual a aeronave colidiu não estava dentro da área de proteção do aeroporto e tinha altura considerada segura, de acordo com o Cenipa.
A investigação do Cenipa envolveu uma equipe multidisciplinar composta por especialistas em diversos campos, incluindo pilotos, mecânicos, médicos, psicólogos, engenheiros e representantes do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
A Polícia Civil continua investigando o caso e já constatou que a aeronave estava voando em uma altitude inadequada e que o piloto não seguiu o padrão de pouso do aeroporto. Uma das possíveis hipóteses é que o piloto planejava realizar um pouso suave.
Antes da divulgação do relatório do Cenipa, o advogado da família de Marília Mendonça destacou que a intenção não é atribuir culpa, mas sim evitar que outras famílias passem pela mesma dor e perda. Ele também solicitou a instalação de identificadores nos fios das linhas de transmissão próximas ao aeroporto.
O acidente
A tragédia envolvendo Marília Mendonça ocorreu quando ela estava a bordo de um avião bimotor Beech Aircraft, operado pela PEC Táxi Aéreo, de Goiás, com capacidade para seis passageiros. A aeronave decolou do aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, com destino a Caratinga, onde a cantora faria um show naquela noite. Além de Marília Mendonça, estavam a bordo o piloto Geraldo Medeiros, o copiloto Tarciso Viana, o produtor Henrique Ribeiro e o tio e assessor da artista, Abicieli Silveira Dias Filho.
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