Em uma reviravolta surpreendente, o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) decidiu afastar o desembargador Adriano Roberto Linhares Camargo do seu cargo, em uma sessão extraordinária do Órgão Especial, realizada nesta segunda-feira (6/11).
A proposta de afastamento foi apresentada pelo presidente do TJGO, Carlos Alberto França, e obteve uma aprovação expressiva de 18 votos a 3. O motivo por trás dessa decisão drástica foram as críticas públicas feitas por Linhares à Polícia Militar de Goiás (PMGO), culminando em seu controverso apoio à extinção da corporação.
Durante a transmissão de um julgamento na última quarta-feira (1º/11), o desembargador fez declarações chocantes, defendendo ardorosamente o fim da Polícia Militar.
“Para mim, é imperativo acabar com a Polícia Militar e estabelecer uma abordagem diferente para a investigação e repressão ao crime”, afirmou ele, acrescentando que os jornais frequentemente relatam “confrontos com a PM onde nenhum policial é ferido, mas quatro, cinco, seis civis acabam mortos”.
Essas palavras incendiárias rapidamente se espalharam pelas redes sociais, provocando uma reação imediata do governador Ronaldo Caiado, que não hesitou em gravar um vídeo repreendendo o posicionamento do magistrado. Caiado ressaltou que a criação da PM, estabelecida pela Constituição, é fundamental para garantir o Estado Democrático de Direito.
“Quando você pede o fim da PM, está atacando o Estado Democrático de Direito ou, talvez, está sendo influenciado por forças criminosas em nosso Estado de Goiás”, enfatizou Caiado, sugerindo que as declarações de Linhares deveriam ser avaliadas pelo Conselho de Ética do Tribunal de Justiça, que poderia levar ao impeachment do desembargador.
Em uma tentativa de conter a crescente indignação, Linhares emitiu uma nota pública na quinta-feira (2/11). Na declaração, ele afirmou que a PM merece “a consideração e a admiração de todos” e deve continuar com seu “inestimável trabalho”.
O TJGO anunciou que o desembargador terá 15 dias para se manifestar sobre a decisão, após os quais o Órgão Especial determinará se abrirá um processo administrativo disciplinar e se a suspensão será mantida ou revogada.
Este caso polarizante continua a gerar discussões sobre a liberdade de expressão de figuras públicas e a linha tênue entre opiniões pessoais e responsabilidades profissionais no sistema judiciário.
Leia nota no TJGO:
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