Manter os níveis de glicemia sob controle é uma medida essencial para prevenir complicações em crianças com diabetes tipo 1 e reduzir custos no sistema público de saúde. Com esse propósito, a Prefeitura de Aparecida de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), implantou o Programa Viver Mais Feliz, que tem contribuído para melhorar a qualidade de vida dos jovens pacientes e diminuir a necessidade de internações.
A iniciativa disponibiliza, de forma gratuita, sensores de glicemia para crianças e adolescentes de 4 a 14 anos atendidos pela rede municipal. O dispositivo realiza a medição contínua e automática dos níveis de glicose no sangue, permitindo ajustes mais rápidos no tratamento com acompanhamento remoto de profissionais de saúde. A leitura é simples e indolor: basta aproximar o leitor da pele para que o resultado apareça na tela.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), 125 crianças acompanhadas no Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP), unidade construída e mantida pela Prefeitura e administrada pelo Einstein, já utilizam o sensor. O equipamento elimina a necessidade de múltiplas picadas diárias nos dedos, contribui para o controle mais preciso dos níveis de glicose e reduz o risco de complicações como a cetoacidose diabética — principal causa de internações em crianças com diabetes tipo 1.
Para o secretário municipal de Saúde, Alessandro Magalhães, o cuidado com a criança com diabetes tipo 1 vai além do tratamento clínico: “Cada vez que evitamos as picadas de agulha constantes e as internações graves por meio do controle glicêmico adequado, estamos não só salvando vidas, mas preservando infâncias. A tecnologia tem sido uma aliada poderosa nessa missão.”
Redução de internações e economia ao SUS
Dados do Ministério da Saúde apontam que, entre 2019 e 2023, o Sistema Único de Saúde (SUS) gastou mais de R$ 200 milhões com internações de crianças e adolescentes de até 19 anos com diabetes tipo 1 e tipo 2. A maior parte dos custos está relacionada a complicações consideradas evitáveis, como a cetoacidose diabética, que responde por aproximadamente 70% das admissões hospitalares nessa faixa etária.
“Essas internações são prolongadas, exigem cuidados intensivos e elevam significativamente os custos do sistema de saúde. Prevenir é muito mais eficiente, tanto do ponto de vista clínico quanto econômico”, explica a endocrinopediatra Jéssica França, médica do HMAP.
A especialista ressalta que o sensor de glicemia é uma ferramenta fundamental para o manejo adequado da doença. “Além de mostrar os níveis de glicose em tempo real, o equipamento indica se os níveis estão subindo, caindo ou estáveis, o que permite prevenir crises de hipo ou hiperglicemia”, afirma.
Atenção aos sinais
Jéssica alerta ainda que o diabetes tipo 1 pode surgir de forma repentina e os sinais devem ser reconhecidos pelos pais ou responsáveis. Entre os sintomas estão: sede excessiva, urina frequente, perda de peso sem causa aparente, cansaço incomum, irritabilidade, infecções recorrentes, visão turva e fome intensa com emagrecimento.
“O diabetes tipo 1 não está relacionado a obesidade ou alimentação inadequada, mas uma rotina saudável com boa alimentação e prática de atividades físicas ajuda muito no controle da doença”, destaca a médica.