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MDB admite romper em caso de mais demissões na prefeitura de Goiânia

Helton Lenine

O presidente estadual do MDB Daniel Vilela alertou em conversa tensa com o prefeito Rogério Cruz, no Paço Municipal, na última segunda-feira, 15, que o partido poderá deixar a administração de Goiânia caso mais emedebistas sejam exonerados do secretariado municipal.

Pressionado pelo Republicanos e pela Igreja Universal do Reino de Deus, Rogério Cruz demitiu os secretários Marcelo Ferreira da Costa (Educação) e Andrey Azeredo (Governo), nomes indicados pelo MDB de Daniel Vilela supostamente em nome do prefeito eleito e falecido Maguito Vilela. E, pelo menos quanto a Marcelo Ferreira da Costa, ligados também ao ex-prefeito Iris Rezende.

Os nomes escolhidos por Cruz para substituir Marcelo Costa e Andrey Azeredo têm as digitais do Republicanos e da Igreja Universal: Arthur Bernardes, o novo secretário de Governo, integra o partido e a IURD no Rio de Janeiro inicialmente e depois no Distrito Federal, enquanto Valéria Pettersen, vereadora do MDB em Aparecida de Goiânia, também tem comprometimento evangélico, tendo sido bancada pelo deputado federal João Campos, presidente do Republicanos de Goiás.

Mas a expectativa, quanto ao prefeito Rogério Cruz, é a de ele vai prosseguir com a chamada “minirreforma administrativa”, com o objetivo de dar “nova cara” à gestão de Goiânia. Estão na mira os secretários Agenor Mariano (Planejamento Urbano), Bruno Rocha Lima (Comunicação), Kleber Adorno (Cultura) e o presidente da Comurg, Aristóteles de Paula, o Toti, todos ocupando cargos que são considerados estratégicos para a pauta de costumes da Igreja Universal e para a instrumentalização do seu projeto de poder em Goiás. 

Goiânia é hoje a principal vitrine política e administrativa do Republicanos e da Igreja Universal no país, depois do abalo sofrido no Rio de Janeiro, onde o então prefeito Marcelo Crivella – luminar da IURD – foi preso por corrupção e sequer pôde terminar o seu mandato. 

Rogério Cruz diz buscar “um novo perfil de governança” para Goiânia

Em menos de três meses, Rogério Cruz criou asas e se sentiu dotado da força necessária para surpreender os cardeais emedebistas com as mudanças no seu secretariado.

Afinal, Cruz sempre “jurou lealdade” ao MDB e ao legado de Maguito Vilela, de quem foi candidato a vice-prefeito, efetivando-se na prefeitura de Goiânia com a morte do eleito em 2020.

O que vem aí: a eventual saída de Agenor Mariano da secretaria de Planejamento Urbano trará um abalo ainda maior para o MDB, já que o ex-vice-prefeito foi o coordenador geral da campanha do partido, ano passado, escolhido pelo próprio Maguito Vilela, com a concordância do ex-prefeito Iris Rezende.

A exoneração de Andrey Azeredo causou “impacto” na cúpula do MDB de Goiânia e do Estado: o ex-presidente da Câmara Municipal, maguitista e irista de “carteirinha”, era considerado como uma espécie de “primeiro-ministro” do Paço Municipal, em alguns momentos até atravessando as falas de Rogério Cruz para explicar do seu ponto de vista atos administrativos da esfera municipal. 

Andrey Azeredo era suspeito de ter sido colocado em posição de destaque na equipe de auxiliares da prefeitura para supervisionar e espionar Rogério Cruz, relatando diariamente todos os seus passos para Daniel Vilela.

Oficialmente, a gota d´’água para a demissão de Andrey Azeredo foi o seu envolvimento da decisão de Rogério cruz de vetar um projeto aprovado pela Câmara Municipal para tornar atividades religiosas essenciais durante o recrudescimento da pandemia da Covid-19, fato que repercutiu negativamente junto aos líderes evangélicos, principalmente os da Igreja Universal do Reino de Deus, que tem nos seus quadros de destaque o pastor licenciado Rogério Cruz. O veto foi defendido por Andrey Azeredo. Apesar de encampado pelo prefeito, quem ficou com os desgastes foi ele. 

Na Câmara Municipal de Goiânia há quem aprove e quem rejeite a exoneração de Andrey Azeredo. Vereadores dizem que a escolha do carioca Arthur Bernardes para a pasta do Governo (que também exerce a coordenação política do Paço Municipal) seria um equívoco do prefeito por se tratar de pessoa alheia à realidade da política da cidade, pois reside e trabalha em Brasília, o que poderá afetar a relação Legislativo/Executivo.

Em nota, o prefeito Rogério Cruz evitou polêmicas e disse apenas que “mudanças são naturais e necessárias para a construção de um perfil de governança”. É verdade. Infelizmente para o MDB e para o seu presidente estadual Daniel Vilela. (HL)

Andrey Azeredo foi contra declarar igrejas como “atividade essencial”, Rogério Cruz concordou, os desgastes vieram e ele pagou o pato

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