A partida para as eleições de 2022 em Goiás já foi dada. Pré- candidato ao governo, o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha tenta entrar na disputa aglutinando opositores e desafetos do governador Ronaldo Caiado – marconistas, militantes do PT e políticos não integrados à base governista. Os maiores desafios de Mendanha são a renúncia ao mandato e a fragilidade da oposição. Por isso, o ex-emedebista procura ganhar tempo, já que tem prazo até 2 de abril para decidir se irá concorrer ou não em 2022.
O prefeito tem buscado assumir o lado antagonista ao grupo que tirou do poder, em 2018, o PSDB. Em toda disputa, em Goiás, a oposição costuma alcançar entre 15% e 25% dos votos – insuficientes para tornar uma eleição acirrada. À medida que Gustavo Mendanha avança em busca de articulações para viabilizar sua candidatura, os mais experientes nesta disputa avaliam como mínimas as chances do prefeito tornar-se uma alternativa realmente competitiva.
Os interessados na campanha de Mendanha têm deixado de lado a emoção e feito algumas perguntas. A primeira é se Mendanha está realmente disposto a abandonar a prefeitura de Aparecida e confrontar o projeto político de Daniel Vilela, ex-aliado, e filho de Maguito Vilela – a quem o prefeito deveria agradecer sua existência política.
Existiria aqui uma questão ética que eleitores moralistas podem não deglutir: sem o MDB, que tratou a candidatura de Mendanha como projeto pessoal, qual mesmo a viabilidade do prefeito?
Quem financiaria? Que partido? Que grupo? O gestor de Aparecida tem três caminhos naturais: o PT, o marconismo ou o bolsonarismo. O quarto, como o Podemos, é uma incógnita maior: o partido não tem capital político em Goiás. Caiadista, o deputado federal José Nelto analisa o cenário em busca de reeleição e pode pular fora do Podemos, que carece de nomes para capilarizar uma campanha. A legenda chegaria ainda mais frágil para o prefeito.
Outro grupo possível seria PSD e Republicanos. Mas as duas legendas são frágeis nas urnas e com pouquíssimos votos para contar. Outra objeção que os entusiastas mais experientes têm suscitado: nenhum prefeito que tentou o governo em Goiás teve êxito político. Todos foram massacrados nas urnas. Recentemente, Iris Rezende, Vanderlan Cardoso e Antônio Gomide (ex-prefeito de Anápolis e um fenômeno nas urnas em sua reeleição) foram derrotados quando tentaram o Governo de Goiás. Nas eleições estaduais de 2014, Gomide teve apenas 10,09% dos votos.
A regra é simples: ou o prefeito ganha e vira lenda ou perde e desaparece da política após o fracasso, ainda podendo escolher pensar bem e não se candidatar. Das três hipóteses, só a primeira (a única que vale a pena) jamais aconteceu. E não é coincidência: eleição estadual exige um perfil de político não provinciano, com maior representatividade e poder de diálogo com municípios.
Em Goiás os cientistas políticos já têm em grande parte uma previsão sobre o que ocorrerá nas urnas. A cabeça do eleitor no Entorno do Distrito Federal, onde existe a estimativa de 1 milhão de votos, é referencial. Um candidato desconhecido na região tem chance praticamente zero de vitória. Logo, antes do registro da chapa, é de bom alvitre realizar pesquisas de reconhecimento da candidatura.