Todos os vereadores derrotados em 2020 estão na folha de pagamento de Mendanha

Helton Lenine

Todos os vereadores que não conseguiram se reeleger em 2020 ganharam cargos em secretarias executivas na Prefeitura de Aparecida. Em consulta ao Portal da Transparência do Município, constatou-se que nenhum deles ficou sem a garantia de um salário considerável, por conta do município, após o insucesso nas eleições. Dentre eles, apenas Arnaldo Leite desligou-se da Secretaria Executiva de Mobilidade, que havia assumido no início do ano, para assumir mandato na Câmara com a saída da vereadora Valéria Pettersen, que atualmente é secretária em Goiânia.

A unanimidade entre os políticos que levou o prefeito de Aparecida Gustavo Mendanha a ser reeleito com mais de 95% dos votos pode ser explicada através do artifício que ele adotou que garantiu a ausência de críticas e a aprovação da sua gestão. É simples: toda a classe política aparecidense está empregada na prefeitura, recebendo salários expressivos e se livrando do desemprego às custas dos cofres públicos em tempos de pandemia.

Em Aparecida, a cooptação de partidos políticos, seus presidentes e seus apaniguados chegou a níveis nunca vistos antes na prefeitura. Mendanha assumiu o seu 2º mandato criando mais 8 secretarias – agora, no total, são 27 pastas, às quais foram acrescentados cargos de secretário-executivo, superintendente e diretor-geral, o que ampliou consideravelmente a disponibilidade de vagas para a absorção de políticos. E tudo isso sem falar no batalhão de

assessores especiais escalados para o gabinete do prefeito. Na média, salários na faixa de R$ 9 mil reais.

Todos os presidentes de partidos políticos de Aparecida, com raras exceções, estão agasalhados no

secretariado de Gustavo Mendanha. Isso inclui até o PT e o PSDB. O petista Adriano Mantovani é secretário de Relações Institucionais, enquanto o tucano é o titular da Secretaria de Ação Integrada. Ninguém ficou de fora. E não são apenas candidatos a vereador que não foram eleitos que incham a folha de pagamento da prefeitura.

Há pastores evangélicos, em especial da Igreja Esperança, do pastor Romeu Ivo, que também influencia na gestão de Gustavo Mendanha e esparramou membros da igreja em postos chave da prefeitura. O pastor Jeferson Ferreira, da Esperança, é o secretário do Trabalho, enquanto outro pastor, Avelino Marinho, é o secretário de Cultura.

Quanto aos presidentes municipais dos partidos, não há nenhum que não esteja contemplado na folha de pagamento de Aparecida. Estão lá, por exemplo, Geferson Aragão (Esporte), presidente do PL; Fábio Camargo (Procuradoria), presidente do PMB; Johnathan Medeiros

(Ciência & Tecnologia), presidente do Republicanos; Carlos Moreira (Articulação Metropolitana), presidente do Cidadania; William Panda (Habitação), vereador e presidente do PSB; Einstein Paniago (AparecidaPrev), presidente do PTC, todos nomeados para o 1º escalão, sem

falar nas dezenas de indicados espalhados pelas secretarias executivas, diretorias, superintendências e cargos afins.

São milhões de reais dos cofres públicos consumidos, a cada mês, para sustentar acordos políticos e mostrar “gratidão” pelo apoio recebido. Dinheiro que faz falta, por exemplo, para a construção dos CMEIs que resolveriam a crônica falta de vagas na educação infantil em Aparecida, problema gravíssimo que, entra ano, sai ano, segue sem solução, complicando a vida das mães trabalhadoras que não têm onde deixar seus filhos.

Quem são os privilegiados

Confira a lista dos ex-vereadores que se tornaram secretários executivos e as respectivas pastas às quais estão ligados. De acordo com a tabela salarial de cargos do município, o salário bruto de um secretário executivo, atualmente, é de R$ 8.938,00:

Almeidinha (Secretaria de Articulação Política).

Arnaldo Leite (Secretaria Executiva de Mobilidade).

Ataídes Teixeira (Secretário Executivo na Secretaria de Administração).

Bira Contador (Secretário Executivo na Secretaria de Planejamento e Regulação).

Edilson Ferreira (Secretaria de Governo).

Elias Júnior (Secretaria de Administração).

Hilário Giacomet (Secretaria de Desenvolvimento Urbano).

João Santana (Secretaria de Governo).

Mazinho do Madre Germana (Secretaria do Meio Ambiente).

Rosildo Manoel (Secretaria de Governo).