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Papa Francisco morre aos 88 anos: o fim de um pontificado marcado pela simplicidade, pelas causas sociais e pelo esforço de humanização da Igreja

Pontífice mais popular desde João Paulo II, Francisco enfrentava sérios problemas de saúde e morreu em Roma aos 88 anos. Primeiro Papa latino-americano e jesuíta, liderou a Igreja com foco na inclusão social, na simplicidade e no combate à desigualdade.

O Papa Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, morreu aos 88 anos em Roma. Internado no Hospital Universitário Agostino Gemelli — referência no atendimento aos pontífices — o líder da Igreja Católica não resistiu a um quadro de pneumonia bilateral, decorrente de uma infecção polimicrobiana nas vias respiratórias. O agravamento do seu estado de saúde foi rápido e terminou por encerrar um dos papados mais simbólicos das últimas décadas.

Francisco já vinha enfrentando um histórico de fragilidade física. Nos últimos anos, as infecções respiratórias tornaram-se mais frequentes. Além disso, dores crônicas no nervo ciático, nas articulações do quadril e nos joelhos limitaram sua mobilidade e exigiram o uso recorrente de cadeira de rodas. Em apenas três meses, sofreu duas quedas — uma delas, em janeiro deste ano, causou uma lesão no braço. A outra, em dezembro passado, resultou em ferimentos no rosto. Ambas sem maiores consequências clínicas, mas sintomáticas de sua fragilidade.

Entre 2021 e 2023, o Papa esteve diversas vezes sob cuidados médicos. Foi operado de uma inflamação intestinal, tratou um quadro grave de pneumonia dias antes da Páscoa de 2023 e passou por uma cirurgia de hérnia abdominal, considerada de rotina. Todas essas internações ocorreram no mesmo hospital que hoje atestou sua morte.

Do laboratório ao altar: juventude marcada por superações

Muito antes do conclave de 2013 que o elevaria ao posto máximo da Igreja Católica, Jorge Mario Bergoglio enfrentou desafios significativos. Formado inicialmente em Química, ingressou na Companhia de Jesus e iniciou sua formação filosófica e teológica na década de 1960. Aos 21 anos, uma infecção pulmonar grave exigiu a remoção parcial de um dos pulmões — fato pouco comum para alguém que viria a ter uma trajetória pública tão intensa.

Ordenado sacerdote em 1969, começou a se destacar por seu envolvimento com causas sociais e por sua atuação pastoral em comunidades populares da Argentina. A partir de 1992, assumiu funções episcopais em Buenos Aires e foi nomeado cardeal por João Paulo II em 2001. Com perfil austero, avesso a privilégios e profundamente identificado com os mais pobres, sua escolha em 2013 foi recebida com surpresa e entusiasmo em diversas partes do mundo.

O primeiro Papa latino-americano e jesuíta

Francisco foi o primeiro pontífice vindo da América Latina, o primeiro do hemisfério sul e o primeiro integrante da Companhia de Jesus a assumir o comando da Santa Sé. Sua escolha pelo nome “Francisco” — em homenagem a São Francisco de Assis — antecipava as linhas mestras de seu papado: simplicidade, acolhimento aos marginalizados, combate à desigualdade e abertura ao diálogo inter-religioso.

Durante seus quase 12 anos de pontificado, tornou-se uma das vozes mais influentes do planeta ao condenar guerras, criticar o modelo econômico excludente e enfrentar, com firmeza, temas considerados espinhosos dentro da própria Igreja, como os escândalos de abuso sexual e corrupção no clero. Essas posições, embora amplamente elogiadas por setores progressistas, também despertaram fortes reações da ala conservadora católica e da extrema-direita europeia.

Viagens, gestos e rupturas

Desde a sua primeira visita oficial, à ilha de Lampedusa — ponto de chegada de milhares de refugiados na costa italiana —, Francisco demonstrou que seu pontificado não seguiria os moldes protocolares tradicionais. Realizou mais de 40 viagens internacionais, muitas delas para países com pequena presença católica, como o Iraque, a Mongólia e os Emirados Árabes Unidos.

Visitou Portugal duas vezes: em 2017, para a canonização dos pastorinhos Jacinta e Francisco, durante o centenário das aparições de Fátima; e novamente em 2023, para a Jornada Mundial da Juventude, evento que reuniu milhões de jovens em Lisboa.

Um legado de afeto e proximidade

Sua morte encerra um ciclo profundamente marcado por uma tentativa de renovação pastoral, de aproximação entre a hierarquia da Igreja e seus fiéis e de reposicionamento da Santa Sé diante dos desafios do mundo contemporâneo. Francisco deixa um legado controverso, mas inegavelmente transformador.

Nascido em 17 de dezembro de 1936, no bairro de Flores, em Buenos Aires, descendente de imigrantes italianos, Jorge Mario Bergoglio conduziu a Igreja Católica por quase doze anos — o primeiro sucessor de Pedro após a renúncia de Bento XVI. Sua partida, embora esperada diante do agravamento de sua saúde, provoca luto em milhões de católicos e admiradores ao redor do mundo.

Seu corpo deverá ser velado na Basílica de São Pedro, com previsão de funeral nos próximos dias, seguindo os ritos estabelecidos para pontífices em exercício. Ainda não há confirmação oficial sobre os detalhes da sucessão nem sobre a convocação do novo conclave.

Fernanda Cappellesso

Olá! Sou uma jornalista com 20 anos de experiência, apaixonada pelo poder transformador da comunicação. Atuando como publicitária e assessora de imprensa, tenho dedicado minha carreira a conectar histórias e pessoas, abordando temas que vão desde política e cultura até o fascinante mundo do turismo.

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