Bolsonaro é hospitalizado em Natal após dores abdominais e exames indicam quadro de obstrução intestinal
Ex-presidente estava em agenda do PL no Rio Grande do Norte e precisou ser transferido de helicóptero; médicos associam quadro a sequelas da facada de 2018
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi internado na manhã desta sexta-feira (11) em Natal, capital do Rio Grande do Norte, após sentir fortes dores abdominais durante uma agenda política na cidade de Santa Cruz, a cerca de 115 km da capital. Segundo fontes ligadas ao Partido Liberal e à equipe médica do ex-presidente, o quadro clínico está relacionado a uma obstrução intestinal – complicação já enfrentada por Bolsonaro anteriormente, em decorrência da facada sofrida em 2018 durante a campanha presidencial.
De acordo com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, o pai foi inicialmente atendido em uma unidade hospitalar do interior e, diante do agravamento do quadro, foi transferido por helicóptero para um hospital em Natal, onde passou por exames de imagem, incluindo tomografia e ressonância magnética. A possibilidade de intervenção cirúrgica ainda não está descartada, mas a equipe médica optou por tratamento clínico com medicação, conforme informou o cirurgião Antônio Luiz Macedo, que acompanha Bolsonaro desde 2018.
🔎 Histórico médico e recorrência do problema
Essa não é a primeira vez que Bolsonaro é internado com sintomas similares. Desde o atentado que sofreu em Juiz de Fora (MG) durante um comício em setembro de 2018, o ex-presidente passou por cinco cirurgias no aparelho digestivo, sendo a mais recente em janeiro de 2022. Os médicos relatam que as aderências intestinais formadas após as múltiplas intervenções são responsáveis por episódios de dor intensa, distensão abdominal e bloqueios parciais do trânsito intestinal.
“Esses quadros são potencialmente recorrentes em pacientes com múltiplas cirurgias abdominais. O repouso, o controle da dor e a estabilização clínica são medidas prioritárias antes de qualquer decisão cirúrgica”, explicou à imprensa o médico Antônio Macedo.
📍 Interrupção da agenda política e efeitos sobre o PL
Bolsonaro estava no Rio Grande do Norte como parte da “Rota 22”, caravana organizada pelo PL para ampliar a base política do partido no Nordeste. Ao lado do senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, o ex-presidente visitaria diversas cidades do interior potiguar, além de participar de seminários e encontros com lideranças locais.
Com a internação, todos os compromissos da caravana foram suspensos. Em nota, o PL informou que “a prioridade agora é a recuperação da saúde do ex-presidente” e que uma nova agenda será discutida apenas após a liberação médica.
A viagem ao Nordeste é vista como estratégica dentro do plano do partido de manter Bolsonaro como figura central na articulação política da direita, mesmo com sua inelegibilidade confirmada até 2030, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A estratégia inclui o lançamento de nomes aliados a Bolsonaro nas eleições municipais de 2024 e o fortalecimento da legenda nas disputas regionais de 2026.
⚖️ Cenário político e investigações em curso
Além das restrições médicas, Bolsonaro também enfrenta um cenário jurídico delicado. O ex-presidente é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) em diversos inquéritos relacionados às tentativas de subverter o resultado das eleições de 2022, à suposta elaboração de um plano golpista para se manter no poder e à utilização indevida da estrutura do Estado durante o seu governo.
Apesar das dificuldades judiciais e de saúde, Bolsonaro segue como figura influente dentro do bolsonarismo e do espectro conservador brasileiro, sendo constantemente citado por pré-candidatos e parlamentares como líder moral da direita.
🏥 Boletim médico e expectativa de transferência
Até o fechamento desta edição, o hospital não divulgou boletim médico detalhado. Bolsonaro está em observação clínica, com quadro considerado estável, porém ainda requerendo monitoramento constante. Não há, por ora, previsão de transferência para São Paulo, onde estão localizados seus médicos de confiança, tampouco para Brasília.
Fontes próximas ao ex-presidente revelaram que ele apresenta boa resposta ao tratamento com hidratação, analgesia e medicamentos para reduzir o processo inflamatório intestinal. A avaliação é de que, caso não haja melhora significativa nas próximas 24 horas, uma cirurgia poderá ser cogitada.