Aparecida

Modelo usado em Aparecida não interrompe ciclo do vírus

Da Redação

O isolamento intermitente por regiões, adotado em Aparecida, é um desvirtuamento do sistema de quarentena originalmente batizado com esse nome e criado nos Estados Unidos pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard.

Não é difícil entender onde está o erro do modelo adotado pelo prefeito Gustavo Mendanha. O ciclo da Covid-19 dura, em média, duas semanas. É exatamente por isso que os setores mais ativos da economia e da sociedade precisam ser paralisados ou reduzidos durante, pelo menos, esse tempo. Escolas, shopping centers, feiras livres, centros comerciais mais movimentados e qualquer outra movimentação que favoreça aglomerações são as mais problemáticas. 

O verdadeiro isolamento intermitente, portanto, foi concebido em Harvard como um mecanismo de interrupção do ciclo do novo coronavírus, controlando o contágio até que o processo de vacinação possa começar a surtir efeitos. É questão de tempo e não de local ou região. Dura 14 dias de fechamento, seguidos por outros 14 de reabertura do comércio, indústria e serviços – o chamado padrão 14×14, instituído pelo decreto do governador Ronaldo Caiado.

Já o que foi implantado em Aparecida é uma corruptela desse modelo. Pelo decreto do prefeito Gustavo Mendanha, a cidade foi dividida em 10 macrozonas, sendo que quatro delas devem suspender as atividades duas vezes na semana, de segunda à sexta. Aos sábados, todo o município fica fechado a partir das 13h, e no domingo o dia todo. No total, são 14 dias de fechamento, mas não contínuos – e com esse abre-e-fecha das portas a Covid-19 continua encontrando as condições ideais para se espalhar.

O estudo da Universidade de Harvard fala em necessidade de isolamento intermitente até 2022. Não o sistema adotado em Aparecida, por regiões físicas, mas o que realmente é eficaz, o 14×14, que interrompe o ciclo do novo coronavírus. Somente o distanciamento social, até que se produzam os efeitos de imunidade de rebanho da vacinação em massa, poderão reduzir a incidência da Covid-19, como ficou demonstrado na Coreia do Sul e em Singapura. Do contrário, o que vai acontecer é uma incidência prolongada da nova doença, com uma pressão sem controle sobre o sistema de saúde.

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