Aparecida

Aparecida registra 50 novas mortes por Covid-19 em uma semana

Eduardo Marques

Com a aproximação de 1.000 mortes por Covid-19, Aparecida registra 50 novos óbitos por Covid-19 em um intervalo de uma semana, um aumento de 6,18%, segundo levantamento realizado pelo Diário de Aparecida entre os dias 16 a 22 de março e baseado nos dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Até a última segunda-feira, 22, a cidade contava com 859 mortes pela doença, sendo 54.841 casos confirmados e 52.790 pacientes recuperados. 

De acordo com SMS, até as 17 horas dessa segunda-feira, 22, o município realizou 228.446 testes de diagnóstico de Covid-19. O painel informa que a maioria dos casos foram registrados em pessoas que têm entre 30 a 39 anos (25%). Em seguida, vem a faixa etária de 20 a 29 anos (22%), 40 a 49 anos (20%) e 50 a 59 anos (12%).

A cidade está classificada no risco laranja, mas há três bairros classificados como vermelho: Jardim Buriti Sereno com 2.470 casos, Cidade Vera Cruz com 2.314 positivações e Jardim Tiradentes com 1.784. Outros cinco bairros da cidade já contam com mais de 1 mil casos registrados da doença: Setor Garavelo (1.460), Garavelo Residencial Park (1.182), Sítios Santa Luzia (1.134), Parque Veiga Jardim (1.076) e Independência Mansões (1.030).

O painel destaca ainda que a ocupação de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) voltados ao tratamento da doença na rede pública é de 92%, enquanto na privada alcançou a capacidade máxima de 100%. 

Restrições 

Na contramão do decreto estadual que determina o fechamento das atividades econômicas não essenciais por 14 dias e a suspensão por outros 14, assim sucessivamente, o prefeito Gustavo Mendanha (MDB) insiste em manter o modelo de isolamento social intermitente por escalonamento regional. 

A decisão de manter a cidade nesse regime veio em reunião na última quinta-feira, 18, pelo Comitê Municipal de Prevenção e Enfrentamento ao Coronavírus do município. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a cidade encontra-se hoje no cenário laranja, ou seja, risco alto de contaminação. Desta forma, a cidade está dividida em 10 macrozonas, fecha duas vezes de segunda a sexta-feira e a cidade inteira fecha aos sábados a partir das 13 horas e aos domingos o dia todo, com exceção de alguns serviços essenciais.

O procurador-geral de Justiça do Estado, Aylton Vechi, destacou que o gestor que não cumprir a decisão estadual vai responder com medidas judiciais. Na ocasião, ele questionou os critérios jurídicos e científicos para a adoção do escalonamento em Aparecida de Goiânia. “Se o resultado da análise apontar que não há base científica e jurídica para adoção desta medida, vamos implementar todas as ações jurídicas cabíveis para garantir a uniformidade do cumprimento do decreto estadual”, afirmou.

O procurador ainda disse que a competência do município se resume à adoção de medidas mais rigorosas que as estabelecidas pelo Decreto Estadual, caso ele detecte insistência em descumprimento das medidas. “Temos um decreto estadual e o município tem uma competência sim, mas de disciplinar. Onde houver falta de disciplina, o município pode adotar medidas mais rígidas, mas não deve afrouxar o que foi estabelecido pelo Governo do Estado”, aponta o promotor.

Enfático, o governador Ronaldo Caiado (DEM) salientou que, diante da situação de calamidade que o estado se encontra, “prefeito nenhum pode criar seu próprio protocolo”, declarou. “Quando o estado é de calamidade, o que prevalece é uma regra única: quando não se tem leitos suficientes não podemos ter uma regra em uma cidade, uma regra em outra; o colapso é generalizado”. Ele ainda complementou: “Cabe ao Ministério Público e ao Poder Judiciário decidir sobre aqueles que não queiram cumprir aquilo que o decreto determina, mas acho que está bem claro como é que devemos nos comportar neste momento.”

Ruas de Aparecida são tomadas por multidões no fim de semana 

O final de semana foi marcado por uma intensa circulação de pedestres e carros em Aparecida. Na Avenida Igualdade, setor Garavelo, o fluxo de trânsito esteve pesado durante a manhã de sábado, 20. Imagens da Feira Livre, no setor Cruzeiro do Sul, também mostram aglomerações de pessoas que passavam pelo local, apesar da maioria fazer uso de máscara.

Apesar da pandemia agravada, do aumento exponencial dos casos e da limitação no número de leitos, a população segue sem medo e aglomerando em comércios autorizados a funcionar com aval da prefeitura.

Mesmo depois de o governador de Goiás declarar que, havendo um colapso generalizado, nenhum prefeito poderia criar e aplicar suas próprias regras, Aparecida segue aplicando seu regime, que varia conforme o termômetro que mede número de casos ativos, percentual de positividades de exames de PCR e taxa de transmissão. Atualmente, o risco é “alto”.

Aparecida está em colapso total do seu sistema de saúde. O prefeito alega que ouviu o Comitê Municipal de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19, que, no entanto, tem maioria de empresários na sua composição e é assistido pelo chamado “corpo técnico” da Secretaria municipal da Saúde, hierarquicamente subordinado a Mendanha. (EM) 

Fotos: Reprodução

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