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MDB, Rogério Cruz, Republicanos e a oposição perdem com a crise. Caiado é o único que se beneficia

Helton Lenine

O rompimento inesperado entre o MDB de Daniel Vilela e o prefeito de Goiânia Rogério Cruz, do Republicanos, apenas 82 dias após a posse, traz consequências negativas para todos, inclusive para a oposição que sonhava em convergência para disputar as eleições de 2022.

Desde que o prefeito Rogério Cruz resolveu promover “ajustes” no secretariado, retirando emedebistas de postos-chaves, o ambiente ficou tenso entre o Paço Municipal e Daniel Vilela, responsável pela formatação da equipe de auxiliares da prefeitura de Goiânia logo após a vitória de seu pai, Maguito Vilela, em novembro do ano passado, embora internado em estado gravíssimo para tratar da Covid-19 que finalmente o matou.

Protagonistas da crise entre o MDB e a prefeitura, Daniel Vilela e Rogério Cruz “esticaram a corda”, ou seja, não priorizaram o diálogo para evitar a cisão, o que levou a um resultado foi surpreendente: o partido entregou os 21 cargos que ocupava no primeiro escalão da prefeitura de Goiânia.

Daniel Vilela, presidente estadual do MDB, filho de Maguito Vilela, o prefeito eleito de Goiânia, saiu enfraquecido do episódio, já que tinha o controle total da gestão de Goiânia, onde seu partido ocupava a maioria dos cargos mais importantes,

Se tinha ainda o projeto de disputar, pela segunda vez, o governo de Goiás, com o rompimento do MDB e Rogério Cruz, Daniel Vilela pode enfiar a “viola no saco”: são reduzidas as suas chances, agora, de aglutinar a oposição em 2022. Resta agora a Vilela, para não ficar sem mandato, concorrer novamente à Câmara Federal.

O MDB perdeu “musculatura política” ao deixar de administrar a capital do Estado, condição que daria visibilidade fundamental para os projetos do partido quanto a 2022.

Em razão disso, o MDB tem agora como “referência política” o prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, que comanda o segundo maior colégio eleitoral do Estado, hoje desgastado e longe do brilho que teve no 1º mandato. 

Mas o prefeito Rogério Cruz e o Republicanos também saíram desgastados da crise, ao virar a página na relação com o MDB e remontar uma nova relação política, com aliados que estão chegando, principalmente na Câmara Municipal de Goiânia, um antro de fisiologismo e interesses pessoais.

Rogério Cruz enfrenta agora o desafio de construir um governo com seu perfil, sua imagem, suas estratégias e plano de governo, na prática “trocando pneu com o carro em andamento”. Não será fácil. Ele terá que impor as suas ideias, programas e ações, se é que existem, baseado em um novo estágio da administração, agora ancorado pelo Republicanos e pela Igreja Universal do Reino de Deus.

Daniel Vilela “beijou a lona” e perdeu seu protagonismo

Após perder a candidatura de Vanderlan Cardoso (PSD), que optou por concorrer à prefeitura de Goiânia, ano passado e se aliou ao governador Ronaldo Caiado, a oposição apostava no nome de Daniel Vilela para aglutinar o MDB, Republicanos, PSDB, PSD, PSL, Patriota e mais alguns pequenos partidos para partir para uma disputa direta com o governador Ronaldo Caiado em 2022.

Agora com Daniel Vilela “beijando a lona”, desgastado pela crise do MDB com o Paço Municipal, a oposição está sem rumo, lembrando 1998, quando Roberto Balestra desistiu de enfrentar Iris Rezende na corrida pelo Palácio das Esmeraldas, criando um “buraco negro”, até o surgimento da candidatura de Marconi Perillo (PSDB).

Sem Vanderlan Cardoso e Daniel Vilela, o que restou para a oposição em Goiás: José Eliton, Marconi Perillo, Jânio Darrot? São alternativas sem consistência. Efetivamente, o cenário político atual mostra que o governador Ronaldo Caiado (DEM) caminha até para a hipótese de ser candidato único ou então ter garantida uma vitória tranquila, mais uma vez, no 1º turno, à sucessão estadual. (H.L.)

Ambiente belicoso em Goiânia acaba favorecendo a reeleição

Sem se envolver no desentendimento entre o MDB e o prefeito de Goiânia Rogério Cruz, o governador Ronaldo Caiado (DEM) é o grande beneficiário do ambiente político belicoso na capital, com possibilidade de atrair para a sua reeleição o apoio dos dois contendores, o MDB de Daniel Vilela e o Republicanos.

Com a pandemia da Covid-19 se agravando desde janeiro último, o governador decidiu focar na saúde para diminuir o número de contaminação e morte dos goianos e deixou a discussão sobre alianças com os partidos, visando as eleições de 2022, a partir de janeiro.

Agiu corretamente. Caiado já tem apoio de 12 partidos ao projeto de concorrer à reeleição, mas vai abrir conversações, no ano eleitoral, com pelo menos mais sete partidos, entre eles o MDB e o Republicanos. 

Cardeais emedebistas já defendem a aliança MDB/DEM com Daniel Vilela figurando como candidato a vice-governador ou a senador na chapa de Caiado. Há ainda aqueles que querem o ex-prefeito Iris Rezende na chapa como candidato ao Senado. (H.L.)

Mas o Republicanos de Rogério Cruz também quer participação na chapa majoritária, em 2022, e pode aproximar-se do DEM caiadista para tentar emplacar o atual deputado federal João Campos, presidente estadual do partido, como candidato ao Senado.

O cenário está aberto e tudo é possível. Porém com vantagem para o governador, hoje considerado disparadamente como favorito para se reeleger para mais um mandato. 

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