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Motoristas do transporte coletivo entram em greve nesta terça-feira

Motoristas do transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia vão paralisar suas atividades amanhã, 11, a partir da meia-noite. A confirmação foi dada em vídeo divulgado nas redes sociais na última sexta-feira, 7, pelo diretor financeiro do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo de Goiânia e Região Metropolitana (Sindicoletivo), Carlos Alberto Luiz dos Santos.
Segundo ele, a decisão unânime foi tomada em assembleia geral no dia 2 deste mês e a categoria tem 50 propostas não atendidas, dentre elas a data-base, atrasada desde março, e a vacinação do grupo. Ao Diário de Aparecida, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo da Região Metropolitana de Goiânia (SET) revelou que há 81 linhas com origem em Aparecida de Goiânia e cerca de 249 ônibus percorrem o município diariamente.
“Nós tivemos uma assembleia dos trabalhadores no dia 2 de maio, onde foi tirado por unanimidade uma greve na terça-feira, 11, a partir da zero hora, por reivindicação de aumento de salário. Como é do conhecimento de todos, no ano passado, quando a Covid-19 se instalou no Brasil, em março, estávamos em negociação com as empresas e já tínhamos uma pequena oferta de aumento de salário por parte das empresas, mas, com a chegada da pandemia, elas recuaram e não fizeram nenhuma oferta de aumento de salário no decorrer do ano e ficamos bastante prejudicados”, lamenta Carlos Alberto.
Ele relembra que a categoria ficou prejudicada em decorrência da pandemia no ano passado, mas em consideração aos usuários do transporte coletivo decidiram permanecer os trabalhos. “Ficamos com um prejuízo muito grande, porque agimos na época totalmente contrários às empresas e garantimos o transporte coletivo para todos os usuários, sobretudo aos trabalhadores da Saúde. No ano passado, fizemos um compromisso com a sociedade de que não iríamos fazer nenhuma paralisação em decorrência da falta de oferta dos empresários por aumento de salário por motivo da pandemia, para não prejudicar o transporte ao setor de Saúde.”
Já sobre a data-base, ele diz que a de 2020 não teve o ajuste retroativo, e a deste ano nem foi feita ainda, pois os empresários alegam não ter recursos. “Este ano já estamos em maio e a data-base foi em março e eles não fizeram nenhuma oferta de salário. Pelo contrário. A oferta deles é zero, assim como no ano passado, e nós achamos que nossa reivindicação é muita justa, uma vez que os preços subiram muito. Hoje nós temos carne a R$ 40 o quilo, etanol a R$ 4,60, gás de cozinha a R$ 120, arroz a R$ 27 e o nosso salário continua o mesmo de dois anos atrás.”
Questionado sobre a duração da paralisação, Sérgio Reis de Araújo, presidente do Sindicoletivo, afirmou ao Mais Goiás que ela só tem data para começar. “A mensagem que quero dizer ao usuário é que eles possam compreender a nossa situação, pois muitos motoristas estão morrendo. Nós também entendemos a situação deles. Um trabalhador contaminado, além do risco de levar à sua família, pode contaminar os usuários”, explicou.
De acordo com o presidente, a questão psicológica desses profissionais está por um fio. “Estão com medo de morrer e levar a doença para a família. Como vão trabalhar bem dessa forma?” Por conta disso, o diretor financeiro do Sindicoletivo pede a compreensão da sociedade, para que colabore com os trabalhadores. “Pedimos a colaboração e a compreensão de todos os usuários de ônibus que estejam junto conosco, pois tem morrido muitos trabalhadores e acredito também que tem morrido muitos usuários, dado o descaso dos empresários”, defendeu Carlos Alberto Luiz dos Santos.

Vacinação
Outra reivindicação dos trabalhadores é a prioridade da vacinação contra a Covid- 19. Segundo Sérgio Reis, a letalidade entre os funcionários da Metrobus que já contraíram a doença é maior do que 10%. “Hoje, por exemplo, o mundo tem uma média de 3% de óbitos com trabalhadores. Enquanto no transporte coletivo, em torno de 8% dos trabalhadores já foram a óbito. No caso da Metrobus é pior ainda, passa de 10% o número de trabalhadores que já foram a óbito. Então, essa vacina é imprescindível no momento. Embora tenhamos muitas questões para serem discutidas, são vários pedidos devido à defasagem de vários anos, mas nós estamos dispostos a negociar”, afirmou.
O secretário de Saúde de Goiás, Ismael Alexandrino, explicou ao Mais Goiás que os motoristas de ônibus não fazem parte do Programa Nacional de Imunização (PNI) e que a inclusão dos mesmos depende do Ministério da Saúde (MS). Segundo ele, mesmo os professores que estão no PNI não conseguiram ser antecipados como prioridade.

Empresários acionam Justiça para impedir paralisação

O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo da Região Metropolitana de Goiânia (SET) ingressou na última quinta-feira, 6, com pedido de mediação no Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (TRT-18) para impedir que haja qualquer tipo de paralisação. Hoje, às 14h30, o TRT-18 irá receber os dois sindicatos, numa tentativa de conciliação para a suspensão da greve.
Por nota, o SET disse que recebeu com “espanto” o aviso de greve do Sindicoletivo. “Num momento em que todos têm dado sua contribuição para a manutenção da operação e dos mais de 4 mil empregos do sistema, o Sindicato dos Trabalhadores, uma das poucas categorias profissionais que tiveram algum reajuste durante a pandemia, afronta toda a sociedade.”
De acordo com o sindicato que representa os empresários de Transporte Coletivo da Região Metropolitana de Goiânia, as empresas têm mantido os empregos e cumprido o Acordo Coletivo de Trabalho dos Motoristas do Transporte Público de Passageiros de Goiânia, firmado quando da discussão do dissídio coletivo da categoria no final do ano passado junto do TRT-18. “De acordo com o que foi acordado durante dissídio coletivo no final do ano passado, desde janeiro deste ano a categoria está recebendo com aumento no ticket e no salário.”
Em relação à vacinação contra a Covid-19, o SET apoia a luta para incluir os profissionais que estão na linha de frente da operação no grupo de risco para que recebam a vacina. “Da mesma forma que foi anunciado pelo governador do Estado de Goiás para a Polícia Militar, esperamos que o mesmo possa ser feito com os motoristas e demais profissionais, que têm dado sua contribuição diária na manutenção do serviço de transporte público, essencial para a mobilidade das cidades. Nós estamos trabalhando, inclusive, junto ao poder público para que isso aconteça”, defendeu Adriano Oliveira, presidente do SET.

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