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Reforma administrativa não mostra resultados e só cria mais empregos

A reforma administrativa implantada na Prefeitura de Aparecida no início do 2º mandato de Gustavo Mendanha acrescentou mais seis secretarias à estrutura de 21 pastas, que já era considerada exagerada para o tamanho do município. Aparecida, com pouco mais de 600 mil habitantes, passou a contar com 27 secretarias. Goiânia, com 1,6 milhão de habitantes, tem 19 secretarias. E São Paulo, cidade mais populosa do País, com 12,3 milhões de habitantes, é administrada com apenas 25 secretarias municipais.

Mendanha, antes de assumir, ainda no final de 2020, enviou mensagem à Câmara criando a Companhia de Desenvolvimento de Aparecida (Codap), elevou ao status de secretaria cinco pastas que eram secretarias-executivas: Cultura, Comunicação, Defesa do Consumidor, Habitação e Assuntos Metropolitanos. Quatro secretarias passaram a ter nova nomenclatura: Secretaria de Governo e Casa Civil, Secretaria de Ação Integrada, Relações Institucionais e Secretaria de Segurança Pública.

Em todas, foi aumentado o quantitativo de cargos, a começar por secretárias executivas, com quase o mesmo salário que o titular, chefias de gabinete, superintendências, diretorias e assessorias. Algumas, mesmo sem existência ou funcionamento real, como a de Segurança Pública, já tiveram nomeados os seus titulares e equipe, com preferência esmagadora por nomes oriundos da classe política: suplentes de vereadores, presidentes de partidos, indicados por vereadores e partidos e parentes, como no caso do irmão do vice-prefeito, Vilmar Mariano, que foi nomeado para a secretaria executiva da pasta de Esportes.

A Prefeitura de Aparecida transformou-se, assim, em um dos maiores cabides de emprego do Estado. A estratégia de intensificar as nomeações políticas, hoje descontrolada, serve a um propósito claro: consolidar alianças e apoios, criando uma “unanimidade” enganosa em torno do prefeito Gustavo Mendanha.

Quando foi prefeito de Aparecida por dois mandatos, Maguito Vilela proporcionou um ganho de qualidade para a gestão administrativa do município que pode ser considerado fundamental para o avanço obtido na sua gestão: eliminou em grande parte a politicagem miúda que era a característica do processo de poder dos seus antecessores.

Maguito foi um prefeito que pode ser considerado como um divisor de águas para Aparecida: antes dele, embora vez ou outra experimentando bons momentos, o que predominava era a visão paroquiana das lideranças miúdas e pouco conscientes da verdadeira grandeza do município. Como era maior do que esse mundo de pequenezas e interesses fisiológicos baratos, ele transformou a história da cidade-dormitório e a colocou como a terceira em tamanho quanto à economia dentro do contexto dos 246 municípios goianos.

Hoje, seis meses depois de implantada, a reforma administrativa de Mendanha não produziu qualquer avanço ou mudança para melhor na gestão municipal. Quase 80 bairros com densidade populacional alta continuam sem asfalto. Nenhuma vaga de Cmei foi acrescentada, assim como também não há nenhum em construção, mantendo milhares de crianças fora da escola. Cerca de 40 mil famílias enfrentam uma situação de Insegurança Alimentar, com algumas chegando a passar fome – fantasma que voltou a assombrar Aparecida na gestão do atual prefeito.

Velha política: em Aparecida, tudo se resolve com cargos na prefeitura

Aparecida tem 25 vereadores e mais de duas dezenas de partidos políticos, mas nem um nem outro mostram qualquer afinidade com a população de Aparecida e seguem em frente ignorando suas obrigações mínimas de representação dos interesses populares. Essa omissão vem da cooptação em massa promovida pelo prefeito Gustavo Mendanha, que empregou na prefeitura todos os presidentes de legendas, ex-vereadores, suplentes, indicados de vereadores e qualquer outra pessoa que tenha qualquer ligação com a classe política municipal. O preço é o silêncio.

Absorvidos pelo prefeito, os políticos não abrem a boca, temerosos de que o encaminhamento de qualquer demanda popular possa ser considerado como uma afronta pelo chefe do Executivo, ameaçando os seus bem remunerados cargos comissionados na folha de pagamento da municipalidade. Aliás, em Aparecida, o melhor negócio para fugir da onda de desemprego que o coronavírus trouxe para o País e para o município, hoje superando a taxa de 14% da população economicamente ativa, é… ingressar na política.

Todos os políticos aparecidenses estão empregados na prefeitura. Gustavo Mendanha é um gestor que gosta de se apresentar como moderno. Mas o que vigora em Aparecida é a “velha política”, aquela que se vale dos cofres públicos para atingir seus objetivos – que é a perpetuação no poder.

Se já dispunha de um enorme cabide de empregos, no 1º mandato, para garantir apoio entre os políticos, com a reforma administrativa, que criou mais secretarias e cargos, o prefeito aumentou a sua margem de manobra e passou a dispor praticamente do dobro das vagas na folha de pagamento para oferecer como atrativo para a realização de alianças e acordos. Por isso é que se diz que, em Aparecida, tudo, na política, se resolve com decretos de nomeação no Diário Oficial do Município.

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