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Prefeitos que renunciaram para se candidatar foram todos derrotados

Cardeais do MDB têm procurado Gustavo Mendanha para alertá-lo: todos os prefeitos goianos que renunciaram os cargos, nos últimos, para buscar o governo do Estado, conheceram o gosto ruim da derrota. Os exemplos mais chamativos são os de Paulo Roberto Cunha (Rio Verde), Iris Rezende (Goiânia), Vanderlan Cardoso (Senador Canedo) e Antônio Gomide (Anápolis).

É um fenômeno eleitoral que os especialistas em ciência política não explicam, lembrando que talvez só como exceção fatores políticos conjunturais se reúnem para garantir um futuro promissor aos ex-prefeitos. Uma constatação é que o cenário positivo de um momento geralmente não se projeta para as urnas, na sequência.

Em 1990, o agropecuarista Paulo Roberto Cunha (PRB) renunciou à prefeitura de Rio Verde para disputar o governo de Goiás, tendo como adversário o ex-prefeito e ex-governador Iris Rezende. Paulo Roberto – “Tá certo, Paulo Roberto”, foi o conhecidíssimo refrão da campanha – chegou a crescer na reta final e ameaçar a candidatura de Iris, mas um acidente automobilístico consolidou a vitória do emedebista. Paulo Roberto morreu em 2011, aos 69 anos.

Em 2010, Iris Rezende (MDB) renunciou ao cargo de prefeito de Goiânia para disputar, pela terceira vez, o governo de Goiás, tendo Marconi Perillo (PSDB) como adversário. Esteve à frente nas pesquisas eleitorais por bom tempo, mas na reta final foi ultrapassado pelo então governador, que concorria à reeleição.

Em conversas com jornalistas, anos depois, Iris Rezende disse que se arrependeu de ter renunciado ao mandato de prefeito de Goiânia. Em 2016, Iris reconquistou, pela quarta vez, a prefeitura de Goiânia, mas não conseguiu chegar novamente ao Palácio das Esmeraldas.

Também em 2010, Vanderlan Cardoso renunciou à prefeitura de Senador Canedo, cargo que ocupava pela segunda vez, para disputar o governo de Goiás, pelo PL, para enfrentar o então governador Marconi Perillo e o ex-governador Iris Rezende. Acabou ficando fora do 2º turno. Disputou novamente o governo de Goiás, em 2014, sem êxito nas urnas. Vanderlan só foi conseguir novo mandato em 2018, na corrida pelas duas vagas ao Senado da República.

Em 2014, Antônio Gomide (PT) renunciou à prefeitura de Anápolis para enfrentar as urnas na corrida ao governo de Goiás. Ele deixou o executivo anapolino com 91,4% de aprovação de sua gestão. Não teve votação expressiva, ficando bem atrás do governador Marconi Perillo e do ex-governador Iris Rezende, que chegaram ao segundo turno.

Antônio Gomide tentou voltar à prefeitura de Anápolis, em 2020, mas não obteve a votação que esperada, com o prefeito Roberto Naves (PP) vencendo o pleito no primeiro turno. De uma eleição para outra à prefeitura, Gomide conseguiu mandato à Assembleia Legislativa.

Fora da disputa ao Palácio das Esmeraldas, um registro histórico: Lidevam Lúdio de Lima (PSDB), prefeito de Serranópolis, renunciou ao mandato de prefeito, em 2014, para concorrer à Assembleia Legislativa. Também foi derrotado.

Projeto de Marconi e Mabel: usar Mendanha para atingir seus fins

Na busca de apoio ao seu projeto de disputar as eleições de 2022, o prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha (MDB) não se assessora com profissionais experientes e vividos em relação à política do Estado. Um dos seus “mentores políticos”, o ex-deputado federal Sandro Mabel, presidente da Federação das Indústrias de Goiás – FIEG, que está afastado da militância do MDB desde quando decidiu não disputar novo mandato à Câmara Federal, em 2014.

Com sua imagem desgastada, devido aos escândalos e denúncias de corrupção em que se envolveu, principalmente o “Mensalão do PT” e recebimento de caixa 2 da Odebrecht, Mabel não é uma companhia recomendada a qualquer pretendente a uma candidatura ao Palácio das Esmeraldas.

Outro aliado de Mendanha, o deputado estadual Paulo Cezar Martins (MDB), tem sua influência política limitada a alguns municípios do Sudeste e da região do Mato Grosso goiano. Falta a Paulo Cezar dimensão política estadual.

A oposição, hoje “cambaleante e sem voto”, ronda Gustavo Mendanha na tentativa de convencê-lo a embarcar na aventura eleitoral de 2022, mesmo tendo que enfrentar nas urnas um nome forte como o de Ronaldo Caiado (DEM), que vai concorrer a novo mandato ao governo de Goiás.

O ex-governador Marconi Perillo (PSDB) é um deles, talvez o principal a incentivar uma eventual candidatura de Mendanha. O tucano oferece tudo ao prefeito: nome para senador, nome para vice-governador. Um dos porta-vozes de Perillo junto a Mendanha é o ex-prefeito de Catalão e ex-presidente da Assembleia Legislativa, Jardel Sebba, que o procurou para incentivar o prefeito a trair a memória do ex-prefeito Maguito Vilela e renunciar à amizade com Daniel Vilela. Jardel não tem influência sequer em Catalão, sua terra natal: Gustavo Sebba, seu filho, perdeu as eleições à prefeitura em 2020.

Gustavo Mendanha foi surpreendido, semana passada, com a divulgação da carta de 27 prefeitos, quando ficou isolado, sem sequer o apoio de um deles à proposta de candidatura própria à sucessão estadual. Não o agradou também saber que o senador Luiz do Carmo e os deputados estaduais Bruno Peixoto, Humberto Aidar e Henrique Arantes não aprovam a sua proposta de concorrer à sucessão estadual.

À exceção de Goiânia e Aparecida, cujos presidentes são seus assessores especiais de gabinete, Mendanha não consegue declarações públicas de dirigentes do MDB no interior do Estado. A última decepção foi a visita a Márcio Corrêa, presidente do MDB de Anápolis, que lhe ofereceu cafezinho, suco de laranja e pão-de-queijo, mas desconversou sobre apoio ao seu projeto eleitoral para 2022.

Deixar o MDB, em 3 de abril, para uma aventura eleitoral em 2022 poderá representar uma decisão arriscada e com consequências imprevisíveis para o jovem prefeito de Goiânia, é o recado que políticos experientes do partido fazem chegar a Gustavo Mendanha. (H.L.)

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