Moda country movimenta economia com temporada de rodeios e exposições no Centro-Oeste

A temporada de rodeios e exposições agropecuárias já começou a movimentar significativamente a economia do Centro-Oeste. Mais do que eventos culturais ou encontros de negócios rurais, esses encontros têm se mostrado verdadeiras engrenagens para o comércio, turismo e, com força crescente, para o setor da moda. Em Goiânia, epicentro do atacado de moda nacional, os lojistas da Região da 44 já sentem os efeitos do aquecimento do mercado e se preparam para atender compradores de todo o país.

Segundo dados levantados pelo setor, os rodeios brasileiros movimentaram mais de R$ 10 bilhões em 2023, consolidando-se como plataformas estratégicas não apenas para o agronegócio, mas para diversas cadeias produtivas associadas — entre elas, a moda country, que ganha fôlego com o avanço da temporada de eventos rurais. Na capital goiana, a Exposição Agropecuária de 2024, por exemplo, levou mais de 500 mil pessoas ao Parque de Exposições, e impulsionou em 30% as vendas do segmento country, conforme relatório interno do Mega Moda, um dos maiores shoppings de moda atacadista do Brasil.

Mega Moda lidera abastecimento da moda country no Centro-Oeste

Com mais de 1.500 lojas e três empreendimentos (Mega Moda Shopping, Mega Moda Park e Mini Moda), o complexo comercial da Região da 44 tornou-se referência para lojistas de moda country vindos de estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Pará e interior de São Paulo.

“A moda country deixou de ser apenas um nicho. Ela reflete o estilo de vida do público do agronegócio, que hoje consome com mais informação, sofisticação e identidade”, explica Paula Sepulveda, gerente de marketing do Mega Moda. “A Exposição Agropecuária, por exemplo, movimenta toda uma cadeia. Durante o evento, tivemos aumento expressivo nas vendas de peças country, e isso se repete agora com os rodeios”, completa.

Tendências, identidade e tradição: o que move o consumo da moda country

Os itens mais procurados seguem firmes na tradição: botas de couro com recortes artesanais, chapéus de aba larga, cintos com fivelas em metal e camisas xadrez. A paleta de cores também traduz essa identidade: tons terrosos e nuances quentes como o “Mocha Mousse” dominam as vitrines. Esse marrom profundo evoca o universo do cacau, do café e da terra, símbolos de pertencimento e acolhimento.

As estampas continuam sendo protagonistas — o xadrez em novas padronagens, o animal print reinterpretado, e bordados elaborados são estratégias visuais que conciliam tradição e inovação. O resultado é uma moda country que se adapta ao gosto urbano, sem perder autenticidade.

Antecipação de coleções e planejamento estratégico garantem vantagem competitiva

De acordo com Anna Paula Costa Melo, da loja Paula Melo, a antecipação dos lançamentos é um dos fatores que têm mantido a competitividade dos lojistas da 44. “Os nossos clientes — principalmente os revendedores — se preparam com antecedência. Ao oferecer novidades antes da concorrência, eles conseguem montar suas vitrines para os grandes eventos da temporada”, destaca.

O lojista João Gabriel, da Mia Store, reforça o papel da preparação logística: “Temos compradores fiéis do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins. Muitos chegam com pedidos prontos. Precisamos garantir variedade e estoque completo já em março, antes dos principais rodeios de abril, maio e junho.”

Conforto, modernidade e detalhes artesanais: o novo luxo da moda sertaneja

A loja Living Stone é uma das que apostam em diferenciais como tecidos mais leves e design apurado. “O público country se diversificou. Hoje, recebemos jovens urbanos, influenciadores digitais e mulheres que buscam conforto sem abrir mão da identidade do campo”, explica Lívia Cristina, responsável pela curadoria da loja.

Segundo ela, o acabamento das peças tem sido um diferencial competitivo. “Botas com bordados, camisas com aplicações e cortes que valorizam o corpo são cada vez mais comuns. Isso amplia o alcance do estilo e reforça sua presença em diferentes espaços, das arenas aos shoppings.”

Rodeios e exposições: calendários estratégicos para o varejo

O calendário da moda country se estrutura em torno de grandes eventos, que ditam os picos de venda no atacado e no varejo. Em 2025, eventos como:

• Festa do Peão de Barretos (SP)

• Exposição Agropecuária de Goiânia (GO)

• Rodeio de Rio Verde (GO)

• Expogrande (MS)

• Pecuária de Uberaba (MG)

…devem impactar diretamente o faturamento dos lojistas da Região da 44. A expectativa, segundo projeções do setor, é de que as vendas aumentem em até 40% entre abril e julho, período de maior movimentação de compradores em busca de peças country.

A moda country como vetor de identidade regional e geração de renda

Mais do que estética, a moda country representa um elo entre identidade cultural, economia regional e geração de empregos. Apenas o Mega Moda Shopping gera mais de 10 mil empregos diretos e indiretos, e boa parte desse número se concentra em operações voltadas ao segmento country.

“Nosso papel é fomentar o acesso à moda com qualidade e identidade. A moda country é um patrimônio que conecta tradição, orgulho e inovação. E isso se reflete diretamente na movimentação econômica de Goiás”, afirma Paula Sepulveda.

Com um mercado cada vez mais segmentado, exigente e dinâmico, os rodeios e as exposições agropecuárias reafirmam sua importância estratégica não apenas como celebrações culturais, mas como potentes indutores de consumo e desenvolvimento econômico para o setor de moda.