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O que é e como identificar o transtorno de personalidade borderline?

Estimativa é de que uma em cada cem pessoas conviva com o distúrbio

O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é caracterizado pela instabilidade de humor, relacionamentos e comportamentos. A estimativa é de que uma em cada cem pessoas conviva com o transtorno, segundo a organização Mental Health and Money Advice, do Reino Unido. Por ser difícil de identificar em crianças e adolescentes, o diagnóstico geralmente só ocorre após os 18 anos de idade e é mais comum em meninas.

A psiquiatra Luciana Gusmão Abreu, do Hospital Pequeno Príncipe, explica que pacientes com TPB possuem um pensamento distorcido da realidade. “A interpretação equivocada do relacionamento ou da situação em que está envolvido leva a comportamentos desproporcionais. Os sentimentos de vazio, solidão e rejeição são fatores que influenciam as tentativas de suicídio e automutilação. Essa é a saída que encontram, mesmo que disfuncional, para evitar a dor, o sofrimento e o abandono”, pontua.

Segundo o psiquiatra Lucas Benevides, professor de Medicina no Centro Universitário de Brasília (CEUB), o diagnóstico correto permite que a abordagem terapêutica ajude o paciente, assim como sua família.

O transtorno de personalidade borderline causa dificuldade nos relacionamentos e problemas de identidade, variando a cada indivíduo. As pessoas não nascem com a condição, que pode se desenvolver devido a experiências difíceis na infância. “Geralmente, o borderline está ligado a traumas na infância, como abusos ou negligência, e pode haver predisposição genética. Quem tem TPB costuma ter relacionamentos turbulentos, uma visão confusa ou negativa de si mesmo e mudar frequentemente de opinião sobre quem é e sobre os outros.”

Segundo Lucas Benevides, o diagnóstico envolve identificar padrões de comportamento, como medo de abandono, instabilidade emocional e impulsividade, presentes desde a juventude. Ele considera a terapia como o principal tratamento, especialmente a Terapia Comportamental Dialética (DBT), que ajuda a controlar emoções e melhorar os relacionamentos, abordando as causas mais profundas do transtorno.

Os medicamentos podem ajudar com sintomas específicos, conforme detalha o especialista, mas a terapia é o que traz mudanças duradouras. “Ao buscar um terapeuta, é importante que seja um profissional experiente, pois há risco de o paciente manipular o mesmo”. A partir do diagnóstico de Borderline, o docente afirma que as mulheres podem manifestar mais sintomas de depressão e autolesão, enquanto homens tendem a ter comportamentos mais agressivos ou uso de substâncias, mas ambos sofrem com instabilidade emocional.

Depressão

O transtorno de personalidade borderline é frequentemente acompanhado por depressão, ansiedade e outros transtornos, o que pode dificultar o diagnóstico correto, segundo o professor. “O TPB muitas vezes anda junto com a depressão e a ansiedade, o que pode complicar o diagnóstico. Compreender o transtorno é essencial para diferenciá-lo de condições como o transtorno bipolar”, explica.

Benevides destaca a importância do apoio emocional e da compreensão para a recuperação dos pacientes. “Ter uma rede de apoio formada por amigos e familiares que entendam o transtorno é fundamental para ajudar no tratamento”, afirma o psiquiatra. Segundo ele, muitos pacientes melhoram significativamente e podem levar uma vida mais estável após o diagnóstico e o início do tratamento.

Acolhimento é a principal forma de dar suporte aos pacientes

O acolhimento é a principal forma de dar suporte aos pacientes com transtorno de personalidade borderline. “Ainda que os pais ou responsáveis se deparem com manipulações dos borderlines [como também são chamados os pacientes], é preciso entender que ali há muito sofrimento. Mas sem deixar a firmeza e a imposição de limites. Não é porque o paciente não tolera frustração que deve ser poupado disso; pelo contrário, os pais e responsáveis podem ajudá-lo a lidar com essa decepção de uma forma funcional”, salienta a psiquiatra Luciana Gusmão Abreu.

A recomendação dos profissionais é que o paciente mantenha uma rotina de sono, alimentação e momentos de lazer, como a prática de atividades físicas, hobbies e convívio social e familiar. Ainda que exista estigma em torno dos transtornos psiquiátricos, é importante ressaltar que as pessoas com transtorno de personalidade borderline são totalmente capazes de manter relações sociais, estudar, trabalhar e realizar suas atividades de rotina.

 

 

 

 

 

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