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Aparecida identifica ao menos 12 linhagens diferentes do novo coronavírus na cidade

Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Aparecida de Goiânia identificou ao menos 12 linhagens diferentes de Covid-19 que circulam no município. No entanto, apenas as linhagens Alfa (originária do Reino Unido), Beta (identificada na África do Sul), e Gamma (variante do Brasil) são consideradas “novas cepas” e preocupam a Organização Mundial de Saúde (OMS). Essas três variantes já foram identificadas na cidade.

A cepa chamada Delta – que foi identificada na Índia e é responsável pelo aumento de números de casos de Covid-19 em diversas partes do mundo – ainda não foi encontrada em Aparecida, mas na circunvizinha Capital sim. Uma paciente foi identificada e isolada. Por enquanto não se trata de transmissão comunitária. Sabe-se que ela pegou o vírus depois de ter contato com uma pessoa de Moçambique.

A predominância das variantes em Aparecida é da Gamma, com 75%. Foi essa variante responsável pelo aumento substancial de casos em meados de março, com consequente ocupação de mais de 100% nos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com Covid-19 na cidade. A variante Alfa é a segunda com maior presença detectada: apenas 2%.

A diretora de Avaliação de Políticas de Saúde de Aparecida, Erika Lopes, explica que o coronavírus Sars-Cov-2 é de RNA e, por isso, bastante propício a sofrer mutações. Exatamente por isso, o trabalho de monitoramento é essencial para evitar qualquer tipo de “escape”. Ela aponta que a Secretaria Municipal faz testes constantes na população e mantém um banco de dados com sequenciamento genético.

A reportagem do Diário de Aparecida mostrou recentemente que o município descobriu 13 casos de reinfecção por coronavírus, através do sequenciamento genômico realizado pela prefeitura. São nove mulheres e quatro homens, com idade média de 36 anos, que tiveram contato duas vezes com a Covid-19 e apresentaram sintomas. Os casos foram descobertos a partir de testes e encaminhados à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para análise.

Ao todo, a Secretaria Municipal de Saúde produziu sequenciamento genômicos em 767 amostras colhidas a partir de 300 mil exames RT/PCR realizados na cidade. Com isso, foi possível identificar as reinfecções. Nenhum dos casos registrados de reinfecção, entretanto, precisou de internação.

Além disso, o menor intervalo entre a primeira e segunda infecção foi de 94 dias. O caso mais longo foi de 323 dias entre a primeira e a segunda infecção. Dos 13 reinfectados, três tinham comorbidades e apenas um era profissional de saúde.

A diretora de Avaliação de Políticas de Saúde de Aparecida, Erika Lopes, explicou que a identificação dos casos de reinfecção é importante para determinar quais são as causas e qual o impacto delas na doença. Segundo os dados da pasta, nas amostras analisadas em 2021, 75% foram das linhagens P.1 e 2% da B.1.1.7., originária no Reino Unido.

“Nós sequenciamos e enviamos o soro dos pacientes para a Fiocruz, no Rio de Janeiro, com o intuito de saber se o contato com o vírus fornece uma resposta imune transitória ou se a variante foi capaz de escapar dessa resposta imunológica e reinfectar a pessoa”, disse Erika Lopes ao Mais Goiás.

O trabalho começou em 2020, com aplicação em massa testes de RT PCR. Assim, para possibilitar o sequenciamento genômico, todas as amostras de material coletadas têm resultado positivo para a Covid-19 são armazenadas e formam um banco de dados, monitorado pelo município.

Além disso, a média de novos casos de Covid-19 na cidade nesta semana foi de 240. Segundo o Painel Covid-19 de Aparecida de Goiânia de quarta-feira, 7, no momento, o município possuía 831 casos ativos, que estão hospitalizados ou monitorados pela Telemedicina, oxímetros e exames. De 73.048 casos confirmados, 70.784 estão recuperados e 1.433 vieram a óbito por Covid-19, com quatro confirmados nas últimas 24 horas. No momento, a taxa de ocupação de leitos de UTI para tratamento da Covid-19 na rede pública de saúde estava em 59% e as enfermarias tinham ocupação de 57%.

Variante Delta pode levar a novo aumento de casos da Covid-19 no Brasil

Embora não haja ainda caso confirmado em Aparecida de Goiânia, a variante Delta do coronavírus pode abrir um novo capítulo na pandemia da Covid-19. Ainda há poucos casos no Brasil, mas ela já é uma preocupação porque parece ser mais transmissível do que as linhagens anteriores. Esse fato, somado à baixa cobertura vacinal e à flexibilização das medidas de isolamento, pode dar espaço para a Delta se replicar pelo país, alertam especialistas.

“É urgente lidarmos com ela com mais seriedade, antes que se espalhe. As variantes estão em busca de pessoas não vacinadas, e não dá tempo de ficar escolhendo o imunizante”, alerta a epidemiologista Denise Garret, vice-presidente do Sabin Institute, nos Estados Unidos, em entrevista a Veja Saúde. A boa notícia é que a maneira de se prevenir é exatamente a mesma. “Usar máscara, manter o distanciamento social e se vacinar são as soluções”, aponta.

No Brasil, 15 casos de Covid-19 causados pela variante Delta foram confirmados entre 20 de maio e 6 de julho, informa o Ministério da Saúde. Seis em um navio que esteve na costa do Maranhão, três no Rio de Janeiro, um em Minas Gerais, dois no Paraná, dois em Goiás e um em São Paulo. (E.M.)

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