Editorial

Idolatria

Infelizmente, a política contaminou a religião, mais especialmente o segmento evangélico – hoje engajado em uma guerra santa em defesa de uma pauta de costumes que nada mais é que a expressão de um conservadorismo antiquado.

 

Em nome dessa luta, atribuem-se ao candidato a presidente Lula da Silva a futura adoção de medidas, caso vença a eleição, de que o petista jamais cogitou e que não fazem o menor sentido no mundo de hoje, como, por exemplo, o fechamento de igrejas.

 

Como sabe, os evangélicos têm como pedra basilar da sua crença a ausência completa de símbolos, como os cultivados pelos católicos, que eles definem como idolatria. Mas é preciso lembrar que, mesmo sem imagem, atribuir poderes mágicos a líderes políticos têm o mesmo significado de heresia.

 

Não existe um candidato a presidente que é mais de Deus e da família do que o outro. Eles são políticos, enfim. E a política é terrena e não envolve a exploração da fé, como ocorre hoje no Brasil. Pensar e agir em sentido contrário apenas tira o foco dos reais problemas do país, como a fome, a desigualdade social, a pobreza e o sofrimento de milhões e milhões de brasileiros.

 

A religião tem um papel para as mulheres e os homens de bem: construir pontes e não muros, promover mãos dadas e não golpes de violência, estabelecer, enfim, o diálogo fraterno entre irmãos e irmãs. Mas neste momento da nossa história não é o que está acontecendo.

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